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sábado, 29 de janeiro de 2011

OLHA O PASSARINHO

Sol de feriado.

Num paletó sem jeito,
tergal amarrotado da manhã,
uma vontade solta, sonsa,
reinventa a fantasia no retrato colorido.

Assim, assim…
O ar espremido em 3 por 4.

domingo, 9 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

DIA DE REIS, DIA DE REINOS

Os presentes que recebemos - em palavras, em objetos, em intenções - costumam ser compatíveis com o nosso reino. E o nosso reinado. Precisamos ficar atentos para não nos fascinarmos com aquilo que apenas incendeia a nossa vaidade.
O melhor presente para o melhor rei deve ser a compreensão de que seu reinado, em essência, é só ele. Em matéria, uma lápide. Quando muito.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

ANOTAÇÕES A RESPEITO DA LUZ

A luz.

Mística.

Misteriosa.

Revelação da existência.

Existir diante da luz. Conceder um instante da vida para um instante da infinitude. Descortinar-se das sombras e ser.

Não há dúvidas diante da claridade. Iluminados, nos tornamos cúmplices. Nesta cumplicidade nos tornamos parceiros, amigos, irmãos. Discretos ou eloqüentes sonhadores, saímos mundo afora dando notícias de nós, conhecendo histórias de outros. Assistimos a narrativa ora trágica, ora romântica, ora utópica da incessante trajetória da humanidade em busca de si mesma.

Viajamos em imagens, pelas imagens, como imagens. Assim, de realidade em realidade, vamos encontrando as sutis significâncias dos objetos, o angustiado significado do homem. Aprendemos, entre as nossas tantas veredas, que viver é um grande risco.

Tudo luz. Luz de amor. Luz de alegria. Luz de vitória. Luz de conhecimento. Luz de sabedoria. Luz de transgressão. Luz de atrevimento. Luz de descobrir.

Descobrir faz parte da nossa luz. Para o caos das nossas ansiedades, a palavra que orienta, o ombro que acalma; para a ansiedade dos nossos desejos, a mão que acaricia , o olhar que pondera;para a dor das nossas dificuldades e perdas, o abraço que fortifica , o beijo que reaquece.

Eis a razão da luz: permitir que todas as trocas possíveis aconteçam transparentes; permitir que as palavras que expressamos sejam no mesmo idioma das palavras que sentimos;permitir que os gestos que encenamos sejam os mesmos do roteiro de verdade que ensaiamos;permitir que o desejo de felicidade que externamos seja o mesmo que derrota o nosso egoísmo e a nossa inveja.

Permitir que a nossa fugaz caminhada por este planeta deixe, para os que estão vindo, sinais seguros e lembranças singelas de que o caminho que trilhamos é uma boa opção. Opção para quem acredita que nada se realiza sozinho. Que ninguém se faz sozinho. Nem a luz, que só é luz porque tem infinitas histórias para iluminar.

FILOSOFIAS

A PAIXÃO RELEVA E A CONVIVÊNCIA REVELA.

sábado, 1 de janeiro de 2011

O QUE LI E ASSISTI EM 2010 - DE 22 DE NOVEMBRO A 31 DE DEZEMBRO

LIVROS

Caminhos Cruzados (Erico Verissimo);
Se uma criança, numa manhã de verão...(Carta para meu filho sobre o amor pelos livros) (Roberto Cotroneo;
Contos de amor, de loucura e de morte(Horacio Quiroga).

FILMES

Vale proibido

CHOVE LÁ FORA

Sexta-feira de Europa Central. Cinza. Chuvosa. Fria. Da janela do escritório – tem sempre uma janela nesses momentos – olho o lá na frente. Sinto falta de uma boa xícara de café. Ouço Ravel, Daphnis et Chloé, suíte número 2. Não sei se é chique ouvir Ravel às 9 horas de uma manhã que é quase noite. Melhor confessar que é triste.

A falta de uma boa xícara de café é circunstancial, posso bem providenciar uma. Claro que preciso dos ingredientes. Infelizmente falta o pó e o medo do gás acabar é muito maior do que a vontade de sentir aquele cheiro gostoso de café novo.

Posso pegar o telefone e ligar. Deixe-me pensar…para quem? Para falar sobre qual assunto? Ou só ouvir?
Talvez uma mensagem via celular: Ei,td bm ? O destinatário pode imaginar se eu não quero é que esteja  td ml .

Um e-mail,  óbvio, como não pensei nisso quatro parágrafos atrás?! Posso arriscar umas duas, três linhas. Pode chegar até 5 ou 6 se eu abrir a guarda e se quem vai recebê-lo seja muito íntimo, muito cúmplice. Daqueles que simplesmente entendem o seu desabafo, não se sentem co-responsáveis pelo seu estar de momento e se apresentam como uma potencial companhia para um café. Eu pago, respondem.

Chove lá fora, diz o refrão da música, e aqui dentro, por detrás de uma janela, luto para não admitir que está tão vazio. Contudo, preencher com alguma coisa me dá uma  certa preguiça. Chove lá fora e eu estou muito chato aqui dentro. Dentro do escritório, dentro de mim mesmo.

A chuva joga o jogo das intensidades. A vida também tem intensidades. Jogamos esse jogo com ela, cada um com sua estratégia, cada um sua sorte. É acertar ou errar.

A janela é, nessa manhã chuvosa e escura, ao som de Ravel – e não é o Bolero – um salão de danças. Que, como tudo,  me oferece duas alternativas já que estou aqui: ou chamo alguém para dançar ou fico sentado ouvindo a melodia até a hora de me levantar e voltar …

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