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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Amanheceus Tardis. Pensamentos rasos a respeito de superfícies profundas


QUAL É O SEU LIXO?

Qual é o seu lixo?

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QUAL É O SEU LIXO?

As duas mocinhas, carinhas de candidatas a modelo e branquinhas, sentadas lá no fundo do lotação, conversam o domingo enquanto lancham. Uma, a do canto, come um pão de queijo, retirado de dentro de um saco de papel e bebe um achocolatado. A outra, a da beirada, que me olha com cara de maus bofes, bebe um suco de frutas.

O diálogo, entre uma mastigada e uma sugada, gira ao redor de namoro, namorado, coisas do tipo ” e ele sai de cueca pela casa”, “eu tô bem, você tá bem? então tudo bem”, e um “eu te amo” enviado numa mensagem de celular.

As jovens trabalham na mesma empresa. Vestem o mesmo uniforme. Blusa azul escuro com detalhe em vermelho na gola e nas mangas. E rosinhas aplicadas, três na gola, uma em cada manga. Simetria oriental. “Do lado esquerdo do peito”, mas não “dentro do coração” lê-se o nome da organização para a qual as jovens prestam serviço: “Stilo”.

A discussão agora é sobre as tais declarações de “eu te amo”. A do corredor adora quando o namorado diz que a ama. A do lado, irritada, talvez por não ter um namorado ou por ele não fazer declarações de amor, acredita que é preciso “tomar cuidado” com esses excessos, “nem sempre dá  pra confiar”.

Aí, acaba o lanche. A irritada coloca a embalagem do achocolatado dentro do saco de papel e segura. A amiga enfia a embalagem do suco dentro de uma repartição da bolsa. Até que numa curva, a primeira lança pela janela o saco de papel e a caixinha do achocolatado. Gesto que é repetido pela companheira de trabalho.

Depois, jogam os cabelos para trás e apoiam as cabeças no encosto acolchoado. Merecido cochilo. Sem estilo. E sem educação.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

sábado, 8 de fevereiro de 2014

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

"NA PAZ DO SEU SORRISO"

“Na paz do seu sorriso…”

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“NA PAZ DO SEU SORRISO”

Lá vou eu, manhã de sol, perdido em pensamentos rua a fora. Não montado num cavalo. De “a pé” mesmo, como diz o povo da roça. Aguardo respostas, priorizo perguntas, administro saudades antecipadas, conto notas e moedas, risco  itens da lista de compras, suspiro diante das decisões prementes, procuro um ombro, olho o céu azul de mais um dia ensolarado. Na precisão de navegar, aqui vai eu, nau com rumo por mares outra vez navegados.

No meio do quarteirão encontro o Francisco varrendo a  calçada, jardinando suas flores. Vê-lo significa ganhar um sorriso, ser chamado de “campeão”, reformular certas intenções, admitir o que precisa ser compreendido. Não temos uma intimidade que nos permita sentar no meio-fio e confabular destinos. Mas as idades são próximas e isto funciona como o nosso Itamaraty de subúrbio. Sem protocolos, salamaleques e fricotes, nossas agendas são rápidas. E simples. Muito simples. Agenda de homens amadurecendo, de pais, de avós.

Meu vizinho para o que está fazendo e diz que segue fazendo aquilo que pode. O que não pode, não faz. O que não pode hoje, poderá amanhã. Se aqui ele estiver. Ou depois de amanhã. Se ele continuar aqui. Importa que o de hoje seja feito com cuidado e responsabilidade. Da maneira mais simplificada possível. Honesta. Proveitosa. Feliz. Em paz. Para completar, um riso gostoso que anima o bairro inteiro.
Em paz.

É preciso estar em paz para enfrentar saudades e ausências. É preciso estar em paz para solucionar conflitos. É preciso estar em paz para evitá-los. É preciso estar em paz para dizer eu te amo. É preciso estar em paz para ouvir adeus. É preciso estar em paz para afortunar-se. É preciso estar em paz para repartir a escassez. É preciso estar em paz para usar a palavra. É preciso estar em paz para ser usado por ela. É preciso estar em paz para ambicionar. É preciso estar em paz para partilhar. É preciso estar em paz para nos vermos pacíficos. É preciso estar em paz para perceber a paz ao nosso redor. É preciso estar em paz para que o outro nos ofereça a dele.

É preciso estar em paz para trilhar um caminho ou mudar de estrada. É preciso estar em paz para interromper a caminhada e prestar atenção nos tantos risos e tantos Franciscos que não nos abandonam.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

ENCANTADOS

Encantados

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ENCANTADOS

Eles se conheceram do modo mais comum, igual a maioria dos iguais mortais que andam por esta Terra que anda por esse espaço. Encontro causal, no trabalho.

E o comum, o bom do que é comum, é quando ele se transforma no incomum, em um dos mais significativos momentos da vida. Foi assim com os dois. Ela entrou na sala acompanhada de  sorriso e gentileza e beleza e um par de tornozelos – tudo embalado numa linda saia preta e uma blusa vinho – e ele foi para o vácuo. Entrou em estado de suspensão. O mundo passou a ser apenas aquele olhar hipnótico e aquele “bom dia” que era um acorde do flautista de Hamelin.

Aí, o ‘encantado’ tornou-se prova cabal de que a ficção imita a realidade. Ou a realidade é que dá graça à ficção. O importante mesmo é que agora  ele não precisa aprender para ensinar os mistérios do mundo. Eles acabavam de ser revelados ao seu coração por aquela ‘deusa’, aquela mônada que numa única exceção abria uma porta para que o amor dele entrasse e nunca mais saísse de dentro dela.

Um dia , atrevido e amando, ele pega uma carona. Erraram a rota. Retomaram o caminho certo.Trocaram confidências,toques de mão. Ritual de flor e macarrão. A dama e o vagabundo em milhões de quadros por segundo. E no dia em que fizeram amor pela primeira vez, o para sempre apaixonado jurou viver com ela e ao lado dela enquanto ela assim o quisesse.

E tudo em volta assim o quis. E eles assim estão.

AS CORES DO MUNDO


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