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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Poesia me encanta. São como um remédio, antídoto contra o tédio que costuma rondar por aqui. Poesia é um atrevimento, um reclame das novidades velhas da vida. A poesia de Guido Heleno, que está na antologia OFÍCIO DO AGORA - com a seguinte dedicatória do poeta: " ...estes são poemas de um ofício de viver agora " . Março de 1988. Então que vivamos este nosso "ofício de viver".

ÚLTIMO ROTEIRO

Se eu morrer de enfarte
que seja noite, bem tarde
e tenha estrelas no céu
embora não possa vê-las.

Uma coruja romântica
piando um cântico antigo
para que eu leve comigo
lembranças de meus amores.

Quero flores bem diversas
em volta, muita conversa
e uma bandeira do time
que nunca foi campeão.

Quero milagres de peixes
tristes migalhas de pão
lágrimas coloridas
um arco-íris noturno
que só os pobres de espírito
possam vê-lo jorrando.

Mas se não morrer de repente
e de repente for ficando
quero estar vivo e vivendo
nunca,nunca vegetando
poder ler e escrever
andar em todo lugar
comer o que quiser
qualquer mulher, amar.

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