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quinta-feira, 3 de março de 2011

O PODER DA SÍNTESE

Dias atrás, participei de uma reunião de criação. Em volta de uma mesa rústica, publicitários e jornalistas e um produto para ser trabalhado, aprimorado. Pura instigação. Conversa provocativa. Que nada, tudo forçado a ser síntese, sumário, resumo. Emoção monossilábica. Ânsia de falar engolida às pressas, disfarçadamente. O mundo moderno não admite essas coisas do coração.

Estamos treinados para a síntese de nós mesmos. Trocamos as palavras por objetos. Indígenas urbanos com vergonha de ficar nus na frente um do outro e despejando quinquilharias como sinal de paz, amizade e…

Celulares, notebook, chave do carro ou da moto, bolsa ou mochila de grife, agendas de couro, canetas são os primeiros sinais de aproximação. Se não temos pelo menos um desses objetos corremos o risco da rejeição.

Vencido esse primeiro protocolo, o segundo é o de comunicar o que somos , o que fazemos, o que temos. Eu sou isso, eu sou formado em, eu falo o idioma tal, já viajei pelo … Por fim, meu nome é…

Durante a reunião, uma espécie de regente da objetividade lançava mão dos “então podemos”, “quer dizer que”, “ concluímos … ” “devemos” e o fatídico “ ao trabalho”. Sem contar os constantes olhares trocados com o mostrador do relógio, ou o apertar das tecladas do celular, ou os gestos gentilmente impeditivos da fala de outrem.

Não sabemos mais conversar sobre emoções, introduzi-las nos nossos diálogos, nas nossas relações. Temos vergonha do brilho do olhar, do vermelho da face, do suor das mãos, do abraço solidário, do aplauso, do beijo. Não somos mais sentido. Somos sintéticos.

Ao trabalho, então

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