DESCOBRIMENTOS
Pelas minhas contas a mocinha e mamãe parou de estudar há sete, oito anos. Neste período, adoeceu gravemente, recuperou-se maravilhosamente, engravidou, é mãe, passou por duas experiências afetivas e, atualmente, trabalha perto de casa.
Tantas vezes ela reafirmou que não queria saber mais de sala de aula, escola. Queria roça, interior, sítio, galinha pra tratar. Como “água mole em pedra dura tanto bate até que fura” - ou acaba – ela resolveu que precisava dar “um gás” na “mesma lerda vida”.
Inscrição para vestibular, cursinho intensivo no final de semana.
Sábado, de noite, ligo para ter notícias, saber como é que foi. Assim como quem não quer nada(mas que torcia para que ela estivesse feliz e satisfeita). Então a menina e mãe respondeu que estava chocada. “Como é que a gente deixa a vida passar assim”, ela me perguntou e, de imediato eu pensei no que estou fazendo com a vida.
Espantada e muito feliz, ela dizia que é um absurdo a gente se contentar só em comer,beber,dormir e trabalhar. Em viver o básico, basicamente. Na sala de aula, lotada com mais de cem pessoas, ela disse que redescobriu um mundo dinâmico, vivo, efervescente e instigante.
A menina e mãe estava de volta ao presente. Redescobrindo sua própria dinâmica, sua efervescência. Ela retoma “a boa nova” de si mesma.