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domingo, 1 de setembro de 2013

"SÓ,SOZINHO"



O despertador do celular toca. Zeca Baleiro canta que  ”estava só, sozinho”. Manhã de outono, manhã de trabalho, muitas coisas para fazer. Lá fora, sol e nuvens brincam ao sabor de um vento frio. Mas uns minutinhos para mais debaixo do cobertor não vai mudar a ordem natural da vida.

Adiantar ou atrasar o nosso dia de viver? Não sei se a gente para e pensa e decide isto. A gente repete isto. Levantei cedo, estou atrasado, vou perder alguma coisa, vou esperar demais outra. Tantas são as vezes que pulamos da cama por obrigação, por compromissos, sem  a chance de virarmos para o canto, suspirarmos e tirar mais um sono. É comum a gente deixar a gente “só, sozinho”.

No outono, natureza na sua instabilidade, a sensação de recolhimento bate à porta. Prestamos a atenção em coisas banais. O vizinho que se senta ao sol, os meninos e a algazarra no caminho da escola, o som das turbinas de um avião, o rádio ligado em uma casa distante, pássaros, o tic-tac do relógio, os livros na estante, os porta-retratos e as pessoas ou lugares emoldurados.

Quem não atenta para isto, sai para o mundo “mais sem graça que a top modelna passarela”, num desfile anônimo, vestido de rotina e daquela falsa certeza de que vai e volta.

Vale sempre uma transgressão nesta nossa ordem geral. Os outonos são muito bons para abrirmos as janelas da casa,da alma. Ainda que aquelas folhas românticas que os livros contam que caem das árvores não sejam mais observadas, elas caem de verdade. É que a gente, “só, sozinho” caminha sem olhar. Por obrigação, sem prazer. Quem sabe uma viradinha para o canto, cobertor puxado para cobrir a cabeça e mais uns trinta minutos não ajudam a melhorar a nossa performance.

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