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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O TEMPO NOS PARA


O TEMPO NOS PARA

No meio do meu caminho, tem uma praça. Na rotina do dia, ainda vale o encantamento com a vida. Árvores, sombras e a certeza de que viver é estar inserido dentro do circuito das imprevisibilidades – sem falar em um café para incentivar tudo isto – fazem parte do meu teatro diário.

Aí, um encontro 'inesperado' . Ver uma 'paixão' dos primórdios do curso superior descendo a rua. Um reencontro, trinta anos depois. O mesmo sorriso e olhar, dela. Uma breve – e não revelada – lembrança de uma tentativa de namoro, minha.

- Você não mudou nada!

Mudei, como mudei. Você é que, em um desses túneis do tempo que 'entramos' por aí, não assistiu a minha “metamorfose ambulante”. Você também mudou. Contudo, não sou capaz de cometer tamanha indelicadeza.

Ela segue sua trilha. Nem ao menos olho para trás. Daqui 30 anos, quem sabe?!

E no mantra 'caminhando a favor do vento, com lenço e documentos' surge uma senhora e seu golden retriever . O bichinho se arrasta, empurrado por um estoque mínimo de energia animal. Trocamos olhares.

- Tá velhinho, né?! Ele tem uns 15 anos?
- Tá! Tem 14 anos. Não dorme direito, tá perdendo pelo, tem dificuldades em andar e eu tô com ele aqui pra ver se ele faz cocô. Já fiz de tudo, mas ele tá com o intestino preguiçoso...

Aí eu digo ao Cazuza que o tempo nos para.

Pensando nos dois encontros, no remember romântico , no old dog, chego ao local de trabalho e vou ao banheiro. Então, descubro que o fecho da minha calça está aberto. Assim ele saiu comigo. Entrou no ônibus, caminhou pelas ruas. Foi visto pela ex-paixão e daí o “não mudou nada” quis dizer …? Foi visto pelo cão e este, lá no seu interior canino, perguntou quem é o “velhinho",aqui?

É. Quem é?



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