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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

OS COVARDES

Recentemente, li em um artigo de Sebastião Nunes a reprodução da afirmativa de que a internet é um espaço de covardes. Covardes aqui entendidos como aqueles que não se identificam (ou não são identificados) e, a partir desse anonimato, andam e desandam pelo mundo virtual a causar estragos – alguns permanentes – no pretenso mundo real de muita gente. Contudo, verdade nenhuma – enquanto for verdade – se mantém escondida. Ao ser revelada, mesmo não atingindo mortalmente o covarde cibernético, costuma dar uma aliviada na vítima da “rede”.

Porém, ao que parece, existem outros covardes identificados – uma vez que assinam seus escritos através de blogs – e agora também pelo “passarinho”. Estes se parecem muito com os “enlouquecidos” das religiões que batem com a mão, com a bíblia, com o terço e uma infindável lista de objetos , no peito, na cabeça, nas costas, no próximo e gritam amém, aleluia. “Enlouquecidos” que ao chegar em casa, se transformam em déspotas, em donos da verdade, em feitores. “Enlouquecidos” que se dizem salvos, que se arvoram cristãos, ou católicos, ou espíritas, ou crentes ou... mas que são preconceituosos, gananciosos, egoístas e folgados(principalmente aqueles que dão o que tem para receber de volta, no mínimo o dobro). Todo mundo muito fake.

Pois é, tem gente que se apresenta numa pureza, num romantismo, num saudosismo, em exemplo de virtude. Nada mais que um simulacro, uma representação. Isto porque, no seu cotidiano, são incapazes de perceber os que estão em seu redor, o quanto esses gostariam de mais afeto por parte deles. O quanto esses reclamam não poder falar de si mesmos, de seus sonhos, de suas angústias para eles que costumam ser seus namorados (as), pais, mães, irmãos(ãs).

Tem gente que depois de lermos o que está publicado em seus “domínios” na web nos parece as melhores pessoas do planeta. O irmão ideal, o pai ideal, a mãe ideal, o poeta ideal, o médico ideal, o político ideal, o religioso ideal, o agnóstico ideal, o ideal ideal...

Não são e tentam ser o que não são e nessa hipocrisia não conseguem perceber que antes de despejar retórica e virtude pela internet deveriam rever as conexões afetivas nas suas redes domésticas de relacionamento.

Quer dizer, irmão tem que ser irmão com o seu irmão e não com o seu eventual leitor. E assim por diante: pai ser pai do seu filho real, mãe ser mãe do seu filho real...

Então, antes de escrever para que eu leia, por exemplo, leia o que seus entes mais próximos estão publicando para você. Antes de dizer para mim que você é bom pai, boa mãe, bom isso, bom aquilo, experimente isso dentro de casa, no trabalho, na vida. Mãe deve ser amiga dos filhos, principalmente das filhas; pai deve ser amigo dos filhos, principalmente dos filhos. As comunicações virtuais estão desumanizando as relações afetivas do contato, do cheiro, das sensações de proteção, de segurança, de estímulo, de compreensão e, claro, de cumplicidade. Tem gente querendo que os filhos sejam hiperqualquercoisa e são incapazes de lhes perguntar se eles estão apaixonados por alguém ou por alguma coisa. Tem gente escondendo suas ineficiências e sendo indiferentes com aqueles que habitam o mesmo teto. Tem gente que faz de conta que vive, mas já morreu faz muito tempo.

E eu ? Bem, eu estou aprendendo a não ser covarde.

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