Leio em http://br.noticias.yahoo.com/telesc%C3%B3pio-hubble-capta-gal%C3%A1xia-brilhante-descoberta-agora-211604374.html que “ o telescópio espacial Hubble obteve imagens sem precedentes da galáxia mais brilhante descoberta até agora, graças a um fenômeno conhecido como lente gravitacional”. Lente gravitacional?
A resposta vem a seguir: “Uma lente gravitacional ocorre quando a gravidade de um objeto gigantesco, como o Sol, um buraco negro ou um conjunto de galáxias, causa uma distorção no espaço-tempo. A luz procedente de objetos mais distantes e brilhantes se reflete e aumenta quando passa por essa região distorcida pela gravidade”. E daí?
Daí que, segundo a NASA, “esta observação proporciona uma oportunidade única para o estudo das propriedades físicas de uma galáxia que formava, de maneira vigorosa, estrelas quando o universo tinha apenas um terço de sua idade atual”.
Ainda, de acordo com a notícia “a vista que o Hubble obteve da galáxia distante é muito mais detalhada que a imagem que seria obtida sem a presença da lente gravitacional. A presença deste “amplificador” mostra como as galáxias evoluíram em dez mil milhões de anos, segundo a Nasa.Enquanto as galáxias mais próximas à Terra estão plenamente maduras e se aproximam do fim de sua história como criadouro de estrelas, as galáxias mais distantes proporcionam testemunho dos tempos de formação do universo.Estão tão distantes que a luz daqueles eventos cósmicos só alcança a Terra agora. As galáxias mais distantes não só brilham mais tênues no espaço, como também aparecem muito menores”.
Para mim, neste período de tempestades e explosões solares gigantescas, quanto mais o Hubble “vê,descobre ou confirma”, mais eu me sinto ‘escondido, inédito e incerto’. Pior: se não consigo conter as minhas distorções diárias com as quais reajo diante das intempéries(sem trocadilho) que nublam meus céus de brigadeiro ou não mudo a atitude distorcida com a qual as pessoas interpretam/ironizam minha maneira de ser, agir, pensar e sonhar, como é que eu vou conseguir entender o que são “dez milhões de anos” ou “quando o universo tinha apenas um terço de sua idade atual” ?
Pois se basta, por exemplo, o amor amado se afastar algumas poucas centenas de quilômetros para que as explosões do Sol sejam fichinha diante do caos e da confusão e da desorientação que se instala aqui dentro do peito e eu ficar mais perdido do que cachorro dentro do caminhão de mudança. É, dentro, escapando do armário que tomba para um lado, da geladeira que deriva, do colchão que não consegue conter o desespero de suas molas e da insanidade do motorista que só consegue parar o veículo na base do freio do motor e na ‘caixa’.
A gente navega pelo espaço das estrelas, dos bites e dos suspiros. Olhamos para cima mas não podemos afirmar que ‘lá’ é o ‘ em cima’. Afinal de contas podemos estar de ‘cabeça para baixo’ dentro desta gelatina de anis. Olhamos para os olhos do outro e não podemos garantir mais do que a felicidade deste instante. Isto quando o que queremos é a felicidade.
Entre tantas lentes e tantos lentes, nós,distorcidos ou num foco fugaz, costumamos acreditar nos nossos ‘instantes de galáxia’. No enquadramento da Ciência, milhões. No visor da Vida, milionésimos.