CONTOS DE FADAS
A moça rompeu um relacionamento. Melhor, quem queria o rompimento era ele. Mas, no melhor estilo Eastwood, deixou que ela chegasse a exasperação – ou desilusão, desânimo,desencanto, desgosto, descrédito, tanto faz – e tomasse frente. Acabou!Belémbelém,nunca mais te quero bem!
Para não deixar a autoestima se arrastar para o lixo das desventuras de amor, levantou, sacudiu a poeira, deu a volta por cima e uma rasteira no passado. E vamos em frente!
Linda, ela. Jovem com os primeiros sinais do amadurecimento, olhos penetrantes, corpinho de afogar sereia, sedução, luxúria e uns tantos outros atributos qualitativos que lhe garantem um lugar ao lado de quem quer ser feliz amando e sendo amado.
Nessa lista, o nome dele. Que nem se fez de rogado. Tão logo a gracinha lhe contou o ocorrido, adiantou-se em dizer que se fosse mais novo arriscava bater na porta da casa dela. Se deixassem entrar, só sairia com ela nos braços. Ou dentro de um caixão, se a conversa de amor eterno não vingasse. Mas a idade dele estava mais para pai dela do que para seu cavaleiro andante. Que ela encontrasse logo o seu príncipe encantado, desejou. De coração.Mesmo que enfeitiçado na forma de sapo em busca de um beijo salvador, retocou com uma dose de fantasia.
A ‘desprezada’ achou graça, que ele não era tão velho assim, que o pai dela tinha mais de sessenta e que ele, o galanteador, devia estar na casa dos quarenta…e poucos. Aí quem riu foi ele, “cinquenta e poucos você quer dizer”. E ela não riu e afirmou que “não tem nada a ver” – ou “haver”, dependendo das circunstâncias.
Nesse rumo, o ‘pai’ avisou que era um chato, insuportável ao ponto de não se olhar, certos dias, no espelho. A donzela confidenciou que acontecia-lhe o mesmo.
Então, antes que a encantadora criatura viesse até ele para resolver o impasse, o cidadão coaxou um “tchau” e voltou para debaixo da pedra.
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