Me pergunto qual é o tamanho das minhas paredes?Altura?Largura?Espessura? Foram – ou estão sendo – construídas para me proteger e aos meus? Para guardar os bens materiais que acumulei – e estou acumulando – nesta minha passagem por estas terras?Para colocar cercas elétricas – ou cacos de vidro, ou ferros ponteagudos – no alto e cães ferozes do lado de dentro como garantias adicionais da minha fortaleza, erguida para me proteger e aos meus?
E se ergo paredes ao meu redor apenas para não ver os horizontes, para recolher minha covardia e mudar meu egoísmo de gaveta, enquanto invento uma desculpa para não ver,não falar,não ouvir ninguém? Será que neste compartimento não se acumula apenas pó, inutilidades, quinquilharias ainda nas embalagens, tecnologias de museu, as falsas conexões com o mundo e os meus sentidos desconectados da vida, circulando pela banda mais estreita da sobrevivência?
Altas demais para a nossa esperança e diminutas para a nossa soberba e nosso cada vez mais ranhento estranhamento com o que está ao nosso redor, as paredes nos impõem a disciplina de só olhar para baixo, de andarmos curvos e suspirantes de desânimo ou ansiosos e temerosos de que elas possam ruir e nos soterrar.
Menos enter e mais entre. Menos del e mais mel. Menos mapas e mais estradas.Menos quem sabe e mais eu vou.Menos amanhã e sempre agora. Com a alma armada e apontada para a cara do sossego, tomando de empréstimo a confissão do Rappa, ame mais.
Ame mais a si mesmo, ao amor do lado, aos amores em volta. Ame sua terra,ame seus sonhos,ame o dia de hoje “como se não houvesse amanhã”, sugere Renato Russo.Compre menos tijolos e mais bolo de chocolate, pão de queijo com linguiça.Compre um par de meias com listras amarelas e azuis e uma camiseta onde se lê que “amar se aprende amando”.Viaje.Ipoema,Senhora do Carmo,Santa Maria do Itabira,Itabira,Belo Horizonte,Piumhi,Itaú de Minas, Araçuaí, São Roque de Minas, Porto Alegre,Rio Branco,Cruzeiro do Sul,Xapuri,Brasília,Rio de Janeiro,São Paulo,Buenos Aires,Nova Iorque,Ulaanbaatar,Paris,Veneza,Londres ou Tirana.
Na bagagem da vida, leve apenas a felicidade. Na bagagem de mão, a paixão.
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