PARA QUE SEJA SEMPRE POESIA*
Amanhece um dia de sol mas o frio ainda é o principal pedestre a circular pelas ruas silenciosas de uma cidade que não me é estranha. Contudo, nossa reaproximação ainda tem alguns resquícios de desconfiança, uma pequena inveja de ambas as partes(eu ao observar seus tantos morros que ‘escondem’ outras tantas e diferentes ‘cidades’; ela ao me observar em circulação, alegre e feliz feito pinto no lixo). Mas estamos, um no ‘interior’ do outro.
Na avenida preguiçosa e sonolenta, imagino ver o meu amor surgir em uma esquina distante e dizer, “voltei”. Tomo sua mão, beijo-lhe o rosto, afago seus cabelos e saímos abraçados para dentro de uma neblina que brinca de correr da gente.
Prefiro a percepção poética de mais um dia de trabalho. Longe de casa(e dos meus), há menos de uma semana – mas que durará sessenta dias, talvez setenta – prefiro compreender que as distâncias – não importam as extensões – são possíveis de vencer. Como diz um provérbio chinês, “onde existe vontade,existe um meio”.
“A minha casa fica lá detrás do mundo/Mas eu vou em um segundo quando começo a cantar/E o pensamento parece uma coisa à toa/Mas como é que a gente voa quando começa a pensar”, comenta Lupicínio. A minha vontade/saudade de amor, o meu desejo de casa(e dos meus) encontram no pensamento ‘avoante’ seus meios de realização.
Que a poesia voe entre seus olhares, entre seus pulsares,entre suas tantas vontades. E que a sua vontade de ser sempre ser prevaleça. Este é o maior ‘meio’.
*Fotografia:SAMUEL TIMÓTEO QUINTANILHA
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