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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

ANOTAÇÕES DE OUTUBRO

FOTO:http://mants.files.wordpress.com/2006/10/cigarra.jpg

Cantam as cigarras neste outubro muito quente e com chuvas imperativas. Ainda que não cante como uma sentença do existir, assisto a minha existência indo. E entre as chuvas e as cigarras, compreendo, cada vez mais, o simples das coisas. Simplicidade que o meu inesquecível Hugo Werneck quis mostrar quando me disse que , toda a vez que eu ouvisse uma cigarra cantar, iria me lembrar dele.

Agora, vão se os anos e eu percebo que a vida tem uma função simples: nos dar condição de fazer o que viemos fazer e, mesmo que doa, com felicidade. Cantando, se me permitem metaforizar a cigarra e sua maravilhosa atuação(ainda que trágica). Dizem que ela canta e morre.

Evidente que não tenho a pretensão de “cantar e morrer” agora. Mas quero simplificar meu repertório, adaptá-lo às minhas condições vocais, ao meu timbre, ao meu tom. Ou seja, quero escolher músicas bem tranquilas, com letras que rimem amor e dor, com melodias para violoncelo, clarineta, piano e...suspiros.

Juro que se alguém me disser que as cigarras suspiram entre um cantar e outro, vou afirmar que são as maiores cantoras do planeta. Pois que o mais gostoso do cantar, principalmente para nós mesmos, é o suspiro que vem logo a seguir, por exemplo, das estrofes “ a espera de viver ao lado seu / por toda a minha vida”.

As cigarras, possivelmente, cantam esperando viver ao lado de alguém por toda a vida. Mas deve ser um alguém tão especial, tão gigantesco que uma vida só não basta para a frágil cigarra. Então, a cigarra não morre, depois de cantar; vai para o espaço onde ela e seu grande alguém cabem para sempre.

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