
Os netos, contudo, trazem algo de especial, de instigante. São como laboratórios por onde entram as minhas certezas e saem apenas emoção e amor. Não é possível amar os netos com certezas e regras. Sempre que a gente faz isso, dói no peito aquela dúvida se fizemos o certo com nossos filhos.Netos, penso eu, são nossos filhos reeditados e disponibilizados para que possamos rever uma enormidade de conceitos e preconceitos e descobrirmos que devíamos ter filhos depois dos cinquenta anos. Me parece o tempo ideal para tê-los só para amá-los, de maneira simples, de mão estendida, com olhar protetor e contemplativo. Creio que isso se deve ao fato de que, depois que a gente vira avô é que a gente vê a vida. Ingênua, ainda, ela então se apresenta como tudo aquilo que é bom. Aquilo que para nós, os avós, já se foi.
Então, me lembrei de Gonzaguinha e sua linda “De volta ao começo”.
E o menino com o brilho do sol
Na menina dos olhos
Sorri e estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas
De amigo irmão
As canções de amanhecer
Lumiar a escuridão
E é como se eu despertasse de um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse que a força
Esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente eu chegasse
Ao fundo do fim
De volta ao começo
Ao fundo do fim
De volta ao começo
Nenhum comentário:
Postar um comentário