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domingo, 2 de maio de 2010
NO TEMPO EM QUE A FELICIDADE MORAVA AQUI
Registrei o nome e olhar daquela menina dentro da minha vida. Ela era maior do que a tela do cine Estrela pois que eu via através de seus olhos um mundo que eu nunca imaginei que existia. Desandei a pastorear o meu amor sempre para perto dela. Se fosse o caso até aprenderia a costurar.
- O Japão fica longe?
- Fica. Meu pai diz que quando é dia aqui, é noite lá. Então deve ficar muito longe mesmo!
- Eu já ouvi contar que se a gente furar um buraco em linha reta e atravessar a barriga da Terra, a gente chega ao Japão!
- Acho que não…
- Por quê ?!
- Ora, a Terra não roda em volta dela mesma ?!
- Roda ?!
- Claro que roda! Você não aprendeu na escola?!
- É que no dia que a Dona Albertina deu essa aula, eu tava com dor de barriga e minha mãe mandou um bilhete pra ela avisando…
- Ah…
- Mas o que é que tem a Terra rodar? É só ir fazendo o furo no rumo da rodada dela!
- Tá! Mas onde fica a barriga da Terra?!
- Uai, um pouco pra baixo do coração dela, né!
- É! Então, tá! Me aponta o coração da Terra…
Eu peguei um pedaço de pau e risquei um círculo em volta dela.
- Fica aqui! Encosta o ouvido e escuta…
Ela deitou o ouvido dentro do círculo. Eu também. Sussurrando, ela perguntou como eu podia saber que o coração da Terra estava ali.
- Se eu fosse a Terra, eu deixava você pisar no meu coração.
(do livro A MENINA DE OLHINHOS RASGADOS - Ed.Dimensão - BH)
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