Planos
PLANOS
No seu ‘jas’ – jeito anônimo de ser – o tiozinho, bem aparentado e sempre sorridente, esbanjava aquela esperança de que amanhã , com certeza, seria outro dia. E outro dia muito especial em razão de que algum de seus planos fosse posto em prática ou algum de seus sonhos fosse realizado.
Sozinho de companhias, habitante e proprietário de um barracão simples, meia água, paredes caiadas e janelas e portas azuis, Celestino ‘sigilosiava’ as questões do amor. Mesmo que suspirasse logo depois de dizer “não tenho tempo para essas coisas”.
Sem dívidas, sem dúvidas, e cercado de expectativas, Totonho apostava que seu dia ia chegar. Que abriria o portão e saltaria para o mundo. Por maior que fosse o mundo, seria um salto de quem não teme distâncias, de quem sabe que longe é um lugar que existe mas que se pode chegar lá.
Até que dormiu com suas pretendidas exuberâncias. Era um homem de planos. Pela carinha boa, pelo sorriso adocicado de paz que a boquinha miúda estampava, Totonho tinha um bom plano para hoje, sonhara um bom sonho até que a manhã chegou.
A manhã chegou sem que o homenzinho cordato e esperançoso estivesse mais incluindo nos planos dela.