Saber dar aula não quer dizer aula sobre determinado assunto, saber ensinar não se traduz em ensinar uma certa matéria. Enfim, não são essas, a meu ver, as maiores competências – ou as obrigações – de um professor.
Ser um maestro é cumprir a função de poeta fazedor de milagres. Fazedor que não “finge a dor que deveras sente” pela ansiedade e a paixão em querer nos conduzir por um caminho que ele espera seja bom para seus aprendizes.
É preciso ser humilde e sábio para conviver com a ignorância não no sentido pejorativo, ofensivo. Mas com a ignorância conforme sua etmologia: a do desconhecer, do ignorar. É indispensável que, para isso, saiba trabalhar com sensibilidade o método de Sócrates de multiplicar perguntas, orientando o inquirido a encontrar as suas verdades, as verdades comuns e os conceitos gerais dos objetos. Quer dizer, tem que ser bom em maiêutica.
Sem arrogância, prepotência, indiferença ou descaso deve ser talentoso em entender que cada ser humano é diverso e diferente. Palavras sinônimas que costumam ser praticadas antonimamente.
Assim, dividindo dúvidas, reunindo raciocínios , guardador temporário de um rebanho de almas em desenvolvimento, será capaz de difundir o amor pelo estudo sem transformá-lo num sacramento. Sem transformar-se num sacerdote. Abandonando a idéia de sacerdócio para que o espaço do saber não seja um altar de sacrifícios e sim um lugar de profanação no sentido de se esquartejar verdades, de incendiar reflexões, de incensar perspectivas.
Os meus melhores professores foram e são os que jamais apontaram a minha insignificância diante das maciças cordilheiras e montanhas da genialidade universal. Foram e são os que preparam essas genialidades para receberem as minhas próprias grandezas.
São todos os que, com calma e cumplicidade, esperaram e esperam que eu tenha certeza dessas grandezas. E consciência do que posso, e devo, fazer com elas.
*A ilustração está em www.laboratoriodeinformaticadoalvorada.blogspot.co