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segunda-feira, 11 de julho de 2011

ME DÊ MOTIVOS


Dez da noite, avenida Paraná, Belo Horizonte voltando para casa. Os pontos de ônibus lotados. Donos de empresas e gerentes puxa-saco dos órgãos fiscalizadores do transporte metropolitano não estão “nem aí” para essa volta. Nem para a vinda de amanhã.

Belo Horizonte vem da aula, do trabalho, dos botequins, da rodoviária, da rotina comum que vai se repetir no dia seguinte. Uma garoa sem propósito é mais incômoda do que poética.

Na sacada de um edifício, um homem, um copo de cerveja e um som esguelado e distorcido. Debruçado no parapeito, ele observa. De lá de dentro, Tim Maia pede motivos para ir embora. Para onde quer ir Tim Maia se os motivos lhe forem dados? E o homem na sacada, qual a sua rota de fuga se os motivos não servirem para Tim mas para ele?

Quais os motivos que estamos querendo? Quais os motivos oferecemos diariamente na banca da vida para tocarmos o nosso viver e o viver dos que habitam em nossas proximidades? Também experimentamos a incerteza entre ir e ficar?Pode ser que o homem da sacada esteja procurando alguém que está “indo embora” não para casa, mas de alguma coisa que já não dá mais conta. Ou então, para uma em que tem certeza de que é capaz de levar.

A voz do intérprete desse momento de procura e indecisão parece chamar a atenção de todos. Contudo, estamos tão “cansados”, tão incapazes de decidir algo maior do que escolher uma boa cadeira no ônibus – que esperamos venha com lugares vazios . Preferencialmente uma cadeira “na janela” onde possamos encostar a cabeça no vidro e deixar que ele separe os nossos motivos dos que estão do lado de fora. Me dê motivos para não viver separado dos outros…

Pedir motivos, dar motivos, ser motivos. Na sacada, o homem não encontrou motivos para oferecer um copo de cerveja gelada às pessoas. Nem as pessoas lhe deram motivos para isso. Tim Maia terminou de cantar e na melodia seguinte já queria chocolate. Vai entender, hein?!

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