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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PELA QUALIDADE DO SER HUMANO


Muito se fala em educação de qualidade. Educação de qualidade onde a responsabilidade de fornecê-la tem sido, a cada dia, transferida exclusivamente para a escola.

Isto pressupõe instalações, pedagogia e  didática de qualidade, professores e demais profissionais de qualidade, alunos de qualidade, pais de qualidade, poder público de qualidade e comunidade de qualidade. Se não for assim, vai melar !

Escola é centro de conhecimento e de convivência. Espaço de compreensão e reflexão sobre o mundo e nós dentro dele. O professor deve ser um agitador, um incendiário de aptidões. O aluno deve ser parceiro. Os pais solidários. O poder público eficiente. A comunidade contributiva.

Poesia de lado, conhecimento é quase um negócio. A escola assumiu boa parte das obrigações paternas. Mas não pode agir mais energicamente porque o aluno é um cliente. E o cliente tem sempre razão.

Independente de cobrar pelo que oferece ou ser gratuita, a escola confunde-se com um espaço público de aprendizado e um lar personalizado, individual. Escola  casa,  Casa escola. Professor pai, Pai professor .
É, sem tesão não há ereção. O nível de qualidade dessas relações não cresce.

Conversa fiada? Não. Um casal amigo meu caminhavam pela calçada. Ele, cavalheiro à moda antiga, bem antiga de levar a amada até o trabalho. Ela, pessoa de coração generoso, gente da melhor qualidade. Os dois seguiam, cada um levando vários objetos. Mãos desenlaçadas, corações eternamente ligados. Olha a poesia…

No trajeto,  dois meninos na faixa de 12,13 anos. Tão logo os ultrapassaram, um desses meninos disse “ aí,meu Deus”. O casal seguiu. Instantes depois, volta o menino: “que que é isso,gente”. Mais um pouquinho e “maravilha”. Meus amigos continuaram o  percurso e a conversa animada sobre planos, estabilidade financeira, confirmação do amor mútuo. Então o menino falou mais alto; “gostosa”. E as duas crianças ficaram .

Meu amigo deixou a amada no local de trabalho e voltou pelo passeio. O que ocasionou encarar os dois adolescentes e passar por eles. Assim o fez. Aí, um dos garotos disse “ é, passa e não olha pra trás”.
O amigo deu alguns passos, parou e voltou para os meninos. Os dois uniformizados. Alunos de uma escola pública nas proximidades. Um dos meninos segurava uma peça de ferro dobrada e niquelada. Talvez apanhada no lixo de uma residência. Quis dar uma lição de moral. Depois quis dar uma surra. A seguir, quis discursar sobre um tanto de coisas que lhe veio à cabeça: estatutos, códigos, demagogias, mistificação da bondade…

Virou as costas e voltou para casa. Pensando na vergonha que sentiria, ainda que adulto,  na frente dos pais quando esses lhe chamassem a atenção pelo que ele poderia ter feito. São crianças, eles poderiam dizer. Um dia crescem e aprendem, concluiriam.

Sei não. Sei não.


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