Vivemos acuados. Vivemos sobre o domínio do medo, coisa de filme, a gente é o filme da coisa. Medo de morrer, medo de empobrecer, medo de ser assaltado, medo de ser assaltado de novo, medo deblitz, medo do outro, medo de escuro, medo de adoecer, medo de perder o emprego, medo do outro morrer , medo de não receber, medo de não pagar, medo da existência da divindade, medo da inexistência da divindade, medo de começar, medo de acabar, medo de dizer sim, medo de ouvir não, medo de amar,medo de não amar…
Nesta síndrome, nos prevenimos de todas as formas possíveis. E não preciso listar aqui. Mas entre a interminável lista de prevenções que incluem cães, cercas elétricas, muralhas e blindados, o comportamento de seguranças em shoppings e lojas beira a insanidade.
Tem cidadão que se acha o "robocop" da vitrine, o xerife do asfalto. Daí, nós, a partir do seu critério de avaliação podemos ser ou não “cidadãos acima de qualquer suspeita”. Se, por causa da paranóia do “rinoceronte de paletó”, somos alcançados pelo seu “sensor de marginalidade”, é melhor se preparar. A situação pode ser constrangedora.
O “mib” passa a nos rastrear , quer dizer, seguir, como um cão farejador. Num ataque de histeria, passa a falar no seu microfonezinho de recepcionista de cassino, ou no talk walk, enquanto faz marcação cerrada. Não somos mais clientes, ou potenciais clientes: somos ladrões – ou potenciais ladrões.
Passei por algumas situações semelhantes. Tirei satisfação, mudei o constrangimento de posição. Respeito o profissional, sei dos riscos aos quais um comerciante está exposto. Mas ser observado como um possível marginal, um ladrão, não permito. E exijo retratação.
Ainda que seja um espaço privado, é preciso que o direito de ir e vir, de circular seja garantido. Caso contrário, em pouco tempo, seremos revistados na porta por homens que não estarão mais protegendo o patrimônio alheio. Estarão roubando a nossa liberdade.
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