Volta e meia aparece um 101 ou 1001 vinhos para beber,livros para ler, lugares para fazer amor, discos para ouvir, monumentos para visitar. Daqui a pouco virão os tantos cães para criar, as flores para cheirar, as tinturas de cabelo, os peixes de aquário.
Na carona, indico, como sugestão, pessoas para não esquecer, pessoas para esquecer, pessoas para conhecer, pessoas para visitar, pessoas para dizer alô, pessoas pra dizer olá, pessoas para se desculpar, pessoas para dizer te amo…Só não vale via email, facebook, orkut, twitter, entre outros. Também não vale em livros. Tem que ser na lata, na cara, no visual!
Esse negócio de coisas para fazer,ver,falar, comer, beber,ouvir e amar antes de morrer parece uma maneira da gente, sem esquecer da finitude, acreditar que assumindo o compromisso de tentar vencer ‘a lista’ estamos mais distantes de morrer. Ou que a Morte, num ato magnânimo, vai nos deixar livres,leves e soltos enquanto estivermos assistindo filmes antigos, ouvindo discos do Frank Sinatra ou bebendo vinhos caríssimos.
Se é assim, ninguém vai completar os 101 ou 1001…itens!
O negócio é próspero para as editoras desse tipo de livro. A série 1001… de uma delas já vendeu mais de 200 mil exemplares no Brasil e uns 5 milhões no mundo. Acredito que no título “1001 maneiras de ganhar muito dinheiro antes de morrer” publicar livros semelhantes seja uma dessas maneiras.
Tem um “1001 Livros Infantis Para Ler Antes de Crescer”. Mas, pensando bem, tem gente que cresceu e que precisava ler pelo menos uns 10% dessa lista.
Certo é que o “antes de morrer” aguça nosso desejo de checar o que já comemos, o que lemos, ouvimos,assistimos e de tentar ampliar essa lista de realizações.Nada contra. Tem alguns títulos que são uma espécie de livro de consulta e até massageiam o ego da gente: esses eu já assisti e fulano morreu sem ver.
Sacanagem? Então, vamos escrever o “1001 mais o que fazer antes de morrer” ?