Powered By Blogger

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O DIA DE SER FELIZ





De repente, ele se lembrou de que estivera naquele mesmo local, na mesma esquina, na mesma praça quarenta e dois anos atrás.

Calção de banho amarelo, corpo magro. Ele, os irmãos e os pais caminhando rumo à praia. Com direito a uma parada em um bar para beber uma fanta uva, recém lançada no mercado.

Mais do que a recordação, o aperto maior no peito foi o de pensar que o tempo passara muito rápido. Que só agora, tantos anos depois, é que ele voltava. Qual a razão, ou as razões, para não ter feito isto antes e mais vezes?

Sentia vergonha de fazer coisas, de vez em quando, a seu favor. De investir mais na realização dos seus sonhos, na satisfação dos seus desejos.

Sempre encontrava um obstáculo, uma justificativa, um alguém ‘querido’ que precisava mais dele, do dele.
Assim, não conseguia perceber o que se ia dele, sem volta. Não enxergava que os outros estão cuidando de si e não se disponibilizam a favor dele.

Suspirou fundo. Reconheceu que carregava a culpa de querer ser feliz. E que nem fanta uva tomava mais.

* Foto arquivo pessoal

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog