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terça-feira, 18 de outubro de 2011

DEPOIS DA AUTORIDADE VEM A AMIZADE




Meu filho caçula agora tem 18 anos. É responsável perante a lei por seus atos. Dirão os mais conservadores que já é um homem. Digo eu que é um ser humano que venceu uma etapa de sua construção e parte para outra. Uma construção que não termina. E para não emperrar no meio do caminho, é preciso que os materiais utilizados nessa interminável obra sejam de ótima qualidade. Que os profissionais envolvidos nos projeto e na execução sejam pessoas sensíveis, também conscientes de que estão sendo construídos e que a vida de cada um é parte da edificação da vida de todos nós.

O mundo se oferece ao meu filho em telas de polegadas diferenciadas, via web, via satélite. São imagens, alternativas, rotas, padrões, transgressões, experiências diversas(curiosas,exóticas,perversas,insanas). Muda-se de idéia, de país, de planeta com um clique, uma tecla.

Chuva de ofertas (sem faltar com o respeito às vítimas das chuvas do céu – que também não tem culpa dos estragos que acontecem aqui em baixo) puxa a tempestade de indecisões e compulsões. Compro ou não compro? Quero ou não quero? Sou ou não sou? E não há clique ou tecla que solucione os impasses.
Recorre ele às redes sociais, troca ideias no orkut, segue e é seguido no twitter. Sente-se amparado por estar no mesmo barco. Navegam ele e os outros, inclusive eu, nessa nau catarineta a singrar bits,bytes,terabytes, cujo navegador não é Jorge de Albuquerque Coelho mas os anseios de cada um dos embarcados.

Não há resposta específica para nada. Agora são múltiplas opções, infinitas alternativas. O espelho não é para Narciso. O espelho não reflete, suga.

Doer-se com este momento da sua construção e da minha, é lançar mão de colaborarmos um com o outro na obra de cada um. Talvez o meu inacabado acabe antes do dele. Talvez seja o contrário. Talvez os nossos inacabados acabem juntos. Não é o mais relevante.

Bom demais é ver que aquela criaturinha que corria pelada pela sala em direção ao banho gritando paê, paê me espera na porta, me abraça, me beija e ouve com atenção, a única coisa que posso dizer-lhe, agora: meu filho, você tem dezoito anos. A minha autoridade termina aqui e deve ser trocada pela amizade. Se essa transição se realizar orientada pelo amor com que a autoridade foi aplicada, saberemos respeitar a autoridade de cada um.

Isto é um clique, um toque da vida nestas máquinas instáveis a quem chamamos de nós.

* A fotografia de ilustração encontra-se em www.encontrodentrodemim.blogspot.com

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