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sábado, 8 de outubro de 2011

AS ESCOLHAS QUE NÃO FIZEMOS




O libanês Gibran Khalil Gibran escreve que “Vossos filhos não são vossos filhos./ São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma./Vêm através de vós, mas não de vós./E, embora vivam convosco, a vós não pertencem”. Os filhos – nossos biológicos e por afeição ( quando esta permeia a relação) são territórios desconhecidos. Fronteiras atrás de fronteiras. Nós não nos escolhemos.

As nossas “crianças para sempre” crescem sob a regência do mundo. Ou encruam também sob a mesma batuta. A nós, pais, cabe prestar atenção a esses ‘concertos’ e promover ou facilitar os ‘consertos’ necessários. Aquele que cresce precisa saber lidar com isso. O que fica mirradinho, encolhido do sopro da vida, requer alguns empurrões, sinais indicativos de possibilidades de ir. Se for preciso, levamos até a porta de entrada da ida.

De certa maneira, enquanto filhos, temos alguma insatisfação com nossos pais. Seja pelo caráter,seja pelo comportamento. Seja pelos excessos, seja pela escassez. Pelo sucesso. Pelo insucesso.

O mundo ora do mérito, ora hedonista, ora as duas coisas cobra uma posição de destaque. Enquadra todos nós em uma geração x,y,w,z…E exibe pais e filhos lindos, modernos e poderosos naquela convivência que “não tem preço”.
Pensamos que “as crianças” devam ser mais do que somos – ou fomos – e não sofram nada. Que  podem até causar sofrimento em terceiros mas a modernidade manda relevar esse “deslize”.

Pais e filhos são estranhos que resolvem conhecer uns aos outros. E serão desconhecidos até o fim de suas vidas. Na perspectiva de pai, acredito que os filhos devam se lembrar também de que não somos os “super”. E se não se lembram, podemos incluir o tema na pauta de nossos diálogos – aliás, você dialoga com seus filhos ou apenas faz a sua entrevista rotineira do tudo bem?como vão as coisas?. Nossos filhos precisam saber que sofremos , temos ansiedades, angústias, frustrações. Que também queremos carinho, afeição, colo, respeito. Respeito.

Pais e filhos precisam ser uma caminhada de mútua compreensão, de solidariedade gratuita, espontânea. Nada e ninguém são propriedades de alguém. Mas é preciso dividir a ‘posse’ desta ‘certeza’. Até que ela não seja mais.

A ilustração está em www. nunes.blog.com

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