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sexta-feira, 21 de outubro de 2011
MINHA LADY
Ao meu lado, deitada no seu canto, ela dorme quietinha. Porém, basta um pequeno movimento meu e ela abre os olhos, abana o rabo e aguarda.
Lady é minha companhia de todos os dias, seja aqui na sala de casa, enquanto estou em frente a tela do pc;ou deitada ao lado da minha cama, durante os momentos de leitura ou da exibição de um filme em dvd.
Conheço pessoas apaixonadas com animais, principalmente os cães. Meu pai, Luciana Katahira, Larissa Grau, o Maurício e o Cleber, meus genros. A Kate-Anne, nora, meus filhos, o Peron, Alessandro Cerri, o Umberto com o seu Duque, o João Lucas, Uly Carneiro, Rodrigo Guima. Muita gente que também adora gente, claro!
Cães são amigos que não se explicam. São e pronto. No domingo, 9 de janeiro de 2011, no jornal Estado de Minas – caderno Feminino&Masculino, Patrícia Espírito Santo escreveu, em sua coluna, sobre seu cão dálmata, o Thor. Um cão que viveu com ela e sua família e que, “quando tinha entre 6 e 7 anos, precisei tomar a difícil decisão de doa-lo a um casal de amigos, pois não era mais possível mantê-lo solto. Ele nunca havia usado coleira e entrou em profunda depressão quando precisei prendê-lo”.
O cão chorou, sentiu a separação, acostumou-se aos novos donos. Conta Patrícia que Thor voltou para a casa dela sete anos depois. Agora, o casal amigo não podia mais ficar com ele: mudaram para um apartamento. “Fui buscá-lo tão ansiosa que mais parecia uma criancinha ganhando aquele que seria o seu primeiro ‘melhor amigo’. Ele estava velho, já não ouvia direito, comia muito pouco, andava com dificuldade e não latia mais. Mas não importava. Eu o quis de volta, nem que fosse para poder acompanhar a sua velhice e supri-lo de tudo aquilo que necessitasse. Mas o que mais queria era que ele me perdoasse por tê-lo privado de continuar convivendo conosco”.
Coincidentemente, também no domingo, na Revista da Hora, encarte do jornal Agora, Sílvia Correa, jornalista e estudante de Medicina Veterinária, escreveu na sua coluna “Bichos”, o “Pedido dos Animais”.
Diz o texto:
“Se sirvo…
Para aplacar a solidão,
Para que você se sinta importante,quando volta para casa,
Para lamber suas lágrimas,
Para protegê-lo da violência,
Para provocar risadas e diversão com minhas trapalhadas,
Para quebrar o silêncio com o meu canto,
Para acariciá-lo com o meu pelo bonito e macio,
Para carregá-lo em minhas costas,
Para alimentá-lo e enfeitar o cenário com minhas plumas,
Por favor não me maltrate.
Não me abandone.
E não desconte sua tristeza em meu corpo.
Respeite os meus instintos e meus sentimentos.
Sim!Eu tenho sentimentos.
Cuide de mim e dos meus filhos como se fossem seus.
Porque cuido de você e dos seus filhos como se fossem meus.
Seja meu amigo e lhe serei eternamente grato.
E quando eu morrer, chore de saudade e não de arrependimento".
De volta ao texto da Patrícia Espírito Santo:
“Cerca de três meses depois de voltar para casa, ele morreu. Foi-se apagando aos poucos, sob meu olhar atento e o carinho dos que vivem comigo. Agradeci muito por ter tido a oportunidade de aprender, por meio do relacionamento com um animal, que um dos piores sentimentos que podemos desenvolver em relação ao outro é a culpa. Sempre me senti culpada em relação a ele, o que, de certa forma, me corroeu esse tempo todo. Levá-lo para casa e perceber que ele se sentiu bem apesar de todas as suas limitações, abriu caminho para que eu me perdoasse”.
A minha Lady , deitada no seu cantinho, observa o que eu faço. Me observa. Disponível. Feliz. Amiga. Sempre.
* Fotografia de acervo
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