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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

MÃOS

MÃOS *

Antigamente a molecada, para ofender ou intimidar os outros, fazia um círculo com o polegar e o indicador. Hoje, a meninada usa os mesmos dedos em forma de cano e cão de uma arma para se impor perante seus pares. A morte é uma metáfora nas mãos infantis. Pá! Pá!

Drummond afirmou e pediu:

“Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”

As mãos desses meninos parecem que estão dadas à outro presente e suas esperanças sinalizam escassez, disputa e desamor. Não estamos taciturnos, estamos amedrontados. Somos omissos ou espremidos pela desfaçatez e pelo desrespeito. As mãos juvenis já não acenam, matam!

Para qual lugar esquecido se foi a infância do lápis de cor , dos contos da Carochinha, do medo do bicho-papão?

As novas fantasias estão nos muros, estão nas páginas policiais e cada vez mais próximas de nós. Armadas.

Fotografia de acervo

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