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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"BUSÃO"





Esse negócio de treinamento, aperfeiçoamento, melhoria das relações entre fornecedor e usuário costuma criar situações que beiram o surreal.


A empresa de ônibus que opera o trajeto de meu bairro ao centro da cidade tem um programa de avaliação de seus motoristas. O resultado é afixado na parte interna do para-brisa dianteiro do ônibus.


De modo geral eu sempre faço uso do CUT, coletivo único dos trabalhadores. O veículo passa tão lotado de gente que vai para o trabalho que parece ser só aquele, não vai ter outro. Daí o apelido.


Pois é, as pessoas vão entrando e lá está uma carinha dizendo o que a empresa quer do seu funcionário. As carinhas alegres – os emoticons da periferia – até que são mais receptivas. Incentivam o profissional do volante a ser mais, congratulam com o fato de ele ter chegado lá. Tem gente que acha que é o maior mico, que o sujeito ao volante é um puxa-saco.


Dureza são as carinhas que identificam o lado escuro da Lua. A gente tem a sensação de que é o próprio motorista que está dizendo para os passageiros: “não vou melhorar, p… nenhuma”! Tem gente que acha uma bobagem esse negócio de curso de relações humanas. “Eles pensam que estão carregando porcos”!.


A figurinha, lá na frente, bem centralizada, avança com sua cara de poucos bofes para qualquer um, não importa se é idoso, grávida, deficiente físico. “Sou do mal, e daí ”?A viagem ganha um outro colorido. A cada acelerada, brecada ou buzinada, a cara olha para nós tirando satisfação: “quer dirigir” ?


Nessa linha, com perdão do trocadilho, logo vamos ter que perguntar ao motorista se ele deixa a gente entrar no ônibus. E pela ‘carinha’ vai dar para saber a resposta.


* A foto de ilustração está em www. semfrescura.wordpress.com

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