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domingo, 4 de setembro de 2011

CONQUISTAS




Depois de muito empenho, presentes, favores,torpedos e outras tantas insistências comuns ao processo, ela aceitou o convite dele para sair. Ele se vangloriou; difícil, pero no mucho. Linda, ela. E ele, afinal de contas, era ele.

Ela topou mais para ser agradável, política de boa vizinha profissional, para aliviar a pressão das colegas de trabalho (rarai!) e pronto. Ele queria mais. Ih, põe muito mais nisso!

Lugarzinho aconchegante. Dexter Gordon de fundo, luz de sussurros, mão na mão, olhos nos olhos, sim com sim. Não? Não!

A conversa, dela, trabalho e futuro. A dele coincidia mas acrescentava: ela. Melhor, ela e ele. Claro que precisavam se conhecer mais intimamente, ver os comuns, ajustar os incomuns, respeitar ou limar os “sou assim mesmo e pronto”. Ninguém é convictamente “assim mesmo e pronto” !

Ela pediu água mineral gasosa. Água? Tá brincando! Não estava mas preferiu não esquentar a discussão. Desce um chopp. O anfitrião pensou que seria uma vodca, um bourbon. Foi de chopp também para não perder o controle da situação. Aquilo era negócio sério. Estratégia. Marco Pólo de barzinho. Amendoim para acompanhar.

Jogo só pelas laterais, sem lançamento de profundidade, bola mal distribuída no meio do campo. Aí ele viu a outra lá naquela mesa perto do bar. Linda? “Lindassa”, não importava se com dois ss ou com cê cedilha. Ortografia não era o problema. O problema era aquela loucura ali sozinha, aquela gata de fazer o Cristo Redentor abaixar os braços, dar formiga no Pão-de-Açúcar e o bondinho virar trem bala.

A questão era a primeira para agora, a outra para amanhã, depois de amanhã no máximo. Ou, vai depender dela, para mais tarde. Tem mulher que não tá nem aí!

Conversa só vai, conversa não vem. Os dedos brincando de redemoinho com os amendoins. O segundo chopp dela com lacre de interditado para mais. Ele no quinto, mas pela metade e …

Então ele pensou ter visto a outra fazer um sinal. Ficou atento. E ela fez mesmo um sinal. Peguei, anotou ele, indo em direção ao banheiro. Passou pela mesa, deu boa noite, obteve resposta. No banheiro quase que arranha o azulejo de tanto, digamos, frisson.

Na volta, parou no bar. A outra se levantou, foi em direção a ele e rasgou logo a lataria: posso falar com a sua amiga? Murraço no meio do peito para não doer muito. Ele olhou para a primeira e ela, sorrindo levemente tímida, parecia pedir para ele: deixa,vai!

A outra foi. Ele chamou o garçon. Pediu três chopps. Dois para as senhoritas. E do bar fez uma sinal: esta rodada é por minha conta.

A ilustração está em www.games.limao.com.br

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