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sábado, 26 de junho de 2010

MICHAEL JACKSON 1

FOTO:criandoacasos.files.wordpress.com/2009/06/mic..

A maioria dos habitantes deste planeta, de alguma maneira, deixou que a morte de Michael Jackson passe pela sua vida.Comigo não foi diferente. Agora, um ano depois da morte dele, o que resta?

Bem, eu anotei umas coisas e as reuni num escrito. A primeira parte vem, a seguir.

POR QUE NÃO DEIXARAM MICHAEL JACKSON MORRER:
o profano e o sagrado na celebração do capitalismo

O poeta Cleber Camargo diz que “ a gente jaz e acontece”. Diversas interpretações podem ser extraídas desse poema-frase, dessa frase poesia, ou poefrase ou fraesia. Uma, contudo, parece nos revelar que ao morrer, por mais banal,violento ou exótico que o ato em si possa ser, precisamos da morte para que os sobreviventes lembrem-se de que estivemos vivos. Morrer é um reclame da vida. E os que ainda permanecem por aqui transformam os velórios, ou os crematórios , em verdadeiros orkuts mórbidos, segundo Alessandro Cerri. Quer dizer, pessoas que há muito não se viam, reencontram-se “aos pés do defunto” e aproveitam para trocar mazelas, ampliar biografias e ajustar futuros compromissos que, de modo geral, jamais serão cumpridos. Aqui, a falta de civilidade apontada por Senett se apresenta através de relações sociais pautadas em sentimentos exclusivamente voltados para o que é pessoal , particular, íntimo.Afinal de contas, a vida é uma correria só. Isso, no comum, no cotidiano de nós, anônimos.

Se assim o é no anonimato, no mundo das celebridades, no star systems de Edgar Morin, viver e morrer constituem-se em um só movimento. Parcialmente, a personalidade, o modo de expressar, a imagem e a mercadoria se sobrepõem e de forma única agem na sociedade do espetáculo. Aqui, a celebridade, o ídolo, além de reproduzirem as genéticas do fetiche e do poder, respondem por eles. E para nós, os anônimos, explica Morin, sua vida privada é pública, sua vida pública é publicitária, sua vida na tela é surreal, sua vida real é mítica. Por isso, o selvagem adora ídolos de pau e pedra;o homem civilizado, ídolos de carne e sangue, afirma Bernard Shaw.

Inegável o fascínio que as celebridades exercem sobre os humanos comuns. Carlos Eduardo Lins da Silva diz que são os atores, não as suas atitudes, quem são submetidos à aprovação ou censura na sociedade atual. Ao contrário de se querer inquirir sobre seus atos, são julgados os seus sentimentos sobre o que fizeram e suas consequências. Sennett explica que “o líder carismático moderno destrói qualquer distanciamento entre os seus próprios sentimentos e impulsos e aqueles de sua plateia e, desse modo, concentrando os seus seguidores nas motivações que são dele, desvia-os da possibilidade de que o meçam pelos seus atos”. E, ainda conforme Lins e Silva, retomando o pensamento de Senett , “a mídia eletrônica insufla esse ânimo coletivo que exige dos famosos um "strip-tease psíquico" público permanente (no caso de Michael Jackson, chega até o túmulo). E o faz porque a sociedade assim deseja”.

Michael Jackson jogou o jogo do sagrado e do profano. E isto vale para depois da sua morte. Agora, na perspectiva dos lucros que dela podem ser auferidos.

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