
ENTRE O SAL E O AMARGO
Toma tua nau, herético navegador.
Remai palavras por esses mares,
ora muito antes navegados,
sem nunca dantes adernados
por tuas ateias digressões.
Vai-te entre o sal e o amargo
afogar cavacos entre ondas.
Enfeita tuas chagas
com o vermelho dos cravos:
tuas mãos escreveram tantas dores,
atrevimento cobrado com a cruz.
Ai, Portugal em fado e enfado
chora não a morte;
chora a vida tua exilada,
teus ires e vires de pavilhão não hasteado
a tremular não glória do país que representa
mas a liberdade que ao povo intenta.
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