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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

FELICIDADE

FELICIDADE *

Ela chega do trabalho, de 7 às 13 em uma escola infantil, come alguma coisinha. Os olhos brilham , o coração acelerado, sintomas de uma juventude presente, instigante. Uma liberdade que ronda, ri para ela.

Sobre a cama, a bolsa de viagem. Tudo praticamente arrumado, organizado dentro daquela ideia de que mineiro não perde o trem. Não perde o trem, nem a oportunidade de viver um grande amor.

Feliz da vida – e com a vida – ela, em algumas horas, estará dentro de um ônibus. Quando amanhecer o sábado, na plataforma de desembarque o seu namorado, o homem que ama, vai tomá-la nos braços, deseja-lhe um bom dia. Seguirão pelo encantado do amor.

Dois dias que serão vividos com alegria, paixão, equilíbrio. Sem correrias, sem ansiedades, se possível nenhuma contrariedade, nenhum senão. Os dois criaram os filhos, amaram outras pessoas. Agora cuidam de criar um ao outro. De olhar para a frente. Uma outra etapa da vida começa, depois dos cinquenta anos.

Uma última conferência no vestuário de mulher amada, uma lingerie nova, um livro para uma leitura inconstante durante a viagem, itens de beleza. A seguir, uma inspeção na casa, recomendações de mãe, por escrito, para o filho que está no trabalho e de quem não poderá se despedir antes de viajar. Ao final do bilhete, as bênçãos. Essas de um poder imensurável.

O celular toca. É ele confirmando alguns compromissos, planos, passeios. Ela respira o ar da tranquilidade. Ajeita os cabelos, cada vez mais bem cuidados, olha-se no espelho e vê um rosto maduro, lindo e pronto para se misturar às paisagens da paixão.

Então, viver a plenitude da vida lhe é possível. Para o seu companheiro também. Os dois se gostam. Os dois se amam. E isso é bom.

* Fotografia de acervo

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