Sítio para se reunir umas idéias,alastrar umas poesias, pendurar fotos, elogiar as artes e artimanhas, atrair humanidades e ir, ir, ir ...
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
POSSIBILIDADES
Possibilidades
POSSIBILIDADES
Se for possível…
…viva sem se matar;
…ame sem sofrer ;
…conquiste sem tomar;
…reparta sem esconder;
…abrace sem fingir;
…sorria sem doer;
…ouça entendendo;
…fale conversando;
…compre o necessário;
…que o necessário se traduza em felicidade;
…que o desnecessário não cause infelicidade;
…não perdoe, apenas esqueça, para que o outro saiba que nada lhe magoa;
…junte-se aos cúmplices mas não formalize uma quadrilha;
…dê notícias mas evite ser manchete;
…diga é nosso para que todos saibam que é de ninguém;
…que a verdade não aponte sua mentira;
…que o dinheiro não prenda você no cofre;
…que a pessoa ao seu lado seja companhia, nunca carrasco;
…que um dia ruim não estrague todo o seu calendário;
…que um dia bom o seja para toda a vida;
…que seus pais sejam suas raízes;
…que seus irmãos sejam também frutos;
…que seus filhos e seus netos sejam outras sementes;
…que seus amigos estejam ao seu lado quando você não precisar deles;
… se eu precisar, você não se esconda;
… se você precisar, eu esteja.
sábado, 25 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
MUDANÇAS
Mudanças,sempre!
MUDANÇAS,SEMPRE!
Não sei se o melhor é somente conceder, é abrir mão de interesses pessoais em favor das necessidades de outrem, é não equilibrar a relação entre altruísmo e ‘egoísmo’ – este no sentido de voltarmos um pouco as atenções para nossas próprias necessidades.
Generosidade, em existindo, acaba se transformando em obrigação. Uma palavra de apoio, de incentivo ou de reflexão é lançada nas páginas da ‘vã filosofia’. Um gesto de amparo é interpretado como uma atitude com segundas, terceiras, quartas intenções. O negócio é ser esperto, antenado e fashion. O limite é ter.
Com certeza somos sujeitos fraturados. Representamos vários ‘sujeitos’ durante o dia, a vida inteira. Construímos e reverberamos – ou reproduzimos – uma variedade de discursos e, por conseguinte, comportamentos. Mas execute o que eu ordeno e nunca faça o que eu faço.
O segredo do sucesso é promover uma mudança ‘radical’ nos ‘sujeitos’ que, na verdade, nos representam? É olhar menos para o céu alheio e mais para os próprios pés? A partir do momento em que descobrimos que ainda não possuímos asas talvez um zelo maior com os nossos passos pode ser providencial. E menos arriscado.
Se “viver é um grande risco” , pode ser interessante a gente ‘riscar’ certas atitudes do nosso rol de representações. Algumas precisam, mesmo! , de um grande risco. De uma margem até a outra do papel e da vida.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
A ROTINA DAS INCERTEZAS
A rotina das incertezas
A ROTINA DAS INCERTEZAS
Diante dessa tal ‘inexplicabilidade’, decidimos por bem – o nosso bem – posicionarmo-nos perante o mundo e perante os que nos cercam. A gente reclama, ou chora, ou ri, ou esconde, ou inventa, ou trapaceia, ou vinga, ou explode, ou reza, ou arrepende, ou cobra, ou transfere, ou nega, ou confirma, ou afirma, ou…
Depois da tempestade vem a bonança – não o Bonanza. Ainda que em determinadas situações seria melhor que a família de Ben Cartwright (ele e os filhos Adam, Hoss e Little Joe)viesse para resolver algumas questões. Como não moramos em Ponderosa me reservo o direito ao infame trocadilho de que a ponderação também passa longe da gente na hora do ‘inex’ .
Tudo o que quebra a rotina tem algo de ‘inex’. Surpresa, decepção, irritação,emoção são os papéis de presente que embrulham esses acontecimentos. Até a morte – do outro – traz o explicável ‘inex’.
A rotina da vida é um arranjo para ludibriar as coisas que não conseguimos entender – ou não queremos entender. E também é inexplicável.
domingo, 19 de janeiro de 2014
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tem um menino e seu cavalo
NO MEIO DO CAMINHO TEM UM MENINO E SEU CAVALO
Pelas ruas da Savassi, a região da moderna urbanidade provinciana de Belo Horizonte, passa um menino montado no seu cavalo baio. Os olhares ruminantes dos transeuntes ruminam as razões da cavalgada por entre as vitrines do fashion e as passarelas do fútil.
Um cavalo na praça? Um cavalo na calçada atrapalhando o trânsito de tantas outras cavalgaduras? E os nossos direitos de cidadãos ultrajados por um quadrupede que relincha e carrega no seu dorso, em pelo, um menino sem camisa?
Chamai as forças de repressão! Vinde o conde prefeito! Correi todos os candidatos à próxima eleição que defendem a ordem pública – e a desordem privada! Um menino montado em seu cavalo baio atravessa o caminho da tradicional família mineira e vai visitar a sua avô. Um menino chamado Sérgio Gabriel Dias Vieiras faz a sua cruzada, da Serra ao Betânia, para visitar a avô, enquanto o lobo mal da nossa cretina moral imoral não apareça para intimidá-lo com um “você sabe com quem está falando?”.
Tamanha afronta à pasmaceira geral que passeia entre carros e caminhões não passa despercebida à vida bobinha que espia o mundo e não entra nela pois o maior prazer é espiar. O poeta Paulinho Assunção explica que “o olhar de Minas vê pelas frestas” e as nossas insignificâncias se espremem por entre elas em busca de significados. E um menino no seu cavalo baio no meio do caminho desse paroquialismo é explodir as fissuras que mantém o povo bisbilhoteiro em contato com o alheio.
O menino é um duende, é um elfo, é o Lone Ranger, o Zorro, o Durango Kid, o Roy Rogers, Jerônimo, o herói do sertão, é o Harry Potter, o Peter Pan, O menino do pastoreio, o hobbit é um Cartwright que vem de uma Ponderosa lá dos confins de seu coração. É o Gandalf contra o Saruman cotidiano. Aquele que explica o mal do “um anel’. Que cavalgar é preciso, não no sentido de exatidão quanto no poema, mas pela necessidade de dar poesia às nossas caminhadas. Ainda que “perdido em pensamento”, é preciso por a vida em cima de um cavalo e mudar o roteiro da romaria.
Diz Thomas Hobbes que se o homem é, por natureza, desejante, a pólis é, por natureza, uma guerra. O menino deseja, montado no seu cavalo baio, visitar sua avó. O menino Sérgio quer ser um cuidador de cavalos. Não está preocupado com a vida alheia, ainda que a sua seja alheia para as vidas que o espreitam.
O menino e seu cavalo, no meio do caminho da guerra diária, vem trotando pelo vento da paz. Essa paz andante que a gente pensa que está na vitrine mais bem iluminada da rua.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
CAMINHOS
Caminhos
CAMINHOS
Se pensarmos que saindo de onde estamos e indo em frente acabaremos de volta ao ponto de partida, então nossos caminhos são comuns. Mesmo que apareça algum engraçadinho que diga “vou na direção contrária”, ao contrário do que ele pensa, como já dizia o Afif, “juntos chegaremos lá”.
Afif talvez não tenha chegado ao lugar ou posição que pretendia. Acredito que ninguém chega. A caminhada é um subterfúgio para a única certeza, certo?
Gerson , certo, não levou muita vantagem ao querer “ levar vantagem em tudo”. Mas a gente leva desvantagem se não souber aproveitar da melhor forma possível aquelas pessoas que entraram na “nossa” estrada e são fundamentais para que a gente sinta prazer em andar. É difícil andar sozinho. É difícil se afastar de uma boa companhia de viagem. É difícil perder tempo com pequenas rusgas se um amor, um prazer em ir, sempre ir é o que vale.
Se vamos morrer, melhor usufruir até o último instante a mão, o olhar, o incentivo, a cumplicidade , a paixão do outro que vai junto, que está perto. Certo?!
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
CASAMENTOS
Casamentos
CASAMENTOS
Agora, na minha “terceira dobra” do tempo – cada “dobra com 25 anos – entendo melhor como é bom um casamento. Ainda que tenha divorciado duas vezes, vivido um relacionamento que não frutificou. Agora, adubo um último. Este, alegre e repleto de muitos planos, mesmo com as distâncias e ausências decorrentes das nossas atividades.
Um “casamento” significa unir expectativas, incoerências, pequenas mesquinharias, descortesias, surpresas, rotina, hábitos, certas deselegâncias, amigos ‘incomuns’, amigos ‘maravilhosos’, os ‘chatos e palpiteiros’. Duas ‘liberdades’ que vão experimentar o conflito de uma ‘liberdade comum’ dentro de quatro paredes. Do lar, do coração, do mundo.
Exige tal ‘união’ considerar o outro como o outro. E não querer que ele seja uma extensão de nós. É admitir que o relacionamento deve se pautar pela felicidade da razão e pela razão da felicidade. Ou, como diz o bolero, “é melhor brigar juntos do que chorar separados”. Claro que se a briga estiver mais para uma arena do que para lençóis, o melhor é uma revisão de conceitos.
Todos queremos, não importa qual o tipo, que um ‘casamento’ seja “para sempre”. Se no meio do caminho mudamos de ideia, em outro momento sentiremos sua falta. Sentiremos a necessidade do “outro pedaço”. E mesmo que estejamos decididos a conviver com a ‘amputação’, de vez em quando aquela ‘coceirinha’ imaginária dará a impressão de que tudo está ‘no seu devido lugar’. No amor. E deve.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
RELEMBRANDO A POESIA
Relembrando a poesia
RELEMBRANDO A POESIA
Passeio pela cidade e fotografo um pouco desta quietude do também último dia de setembro. Sem sol, frio e pensativo domingo.
Pelo meio do caminho, ao contrário de pedra, encontro um senhor de passos e voz dificultados. Trocamos cumprimentos. Comento o que estou fazendo. O senhor, então, me indica o pico do Amor como o lugar ideal para fotos panorâmicas da cidade
Nos despedimos e prossigo na minha rota mais ou menos planejada. Mas a ideia do pico do Amor como o melhor local para se fotografar Itabira enseja outras reflexões.
O Poeta talvez, num momento de profunda angústia, tenha olhado sua cidade lá do alto na expectativa de captar uma panorâmica do Amor. Talvez, sentado ali no seu cantinho, tenha entendido que se sua história era mais bonita que a de Robinson Crusoé, por mais que pudesse olhar ao longe, ainda assim estaria ilhado. Quem sabe, ilhado de amor? Quem sabe, não foi por isso que ele desceu do pico, desceu da angústia vermelha do minério e foi procurar o amor em outro horizonte, na angústia azul do mar?
Procuro entender o que acontece quando a gente sai do sonho do outro por decisão – ou intempestividade nossa – e vai por aí. Mas o que é a dor quando não dói na gente? Saímos e que o outro cuide do sonho seu. O Poeta saiu do seu sonho de ilha e foi para o seu sonho de mar. E levou o amor.
Pela rua desta Itabira friorenta e cinza, compreendo que distância é distância. Seja de uma esquina, de ruas, de minutos, de continentes. Distância dói. As mais próximas, então…
A costura de nós ao outro tão distante se faz pelo amor. Alinhavados pelo destino estamos sempre em um longe-perto. Na mesma panorâmica.
domingo, 12 de janeiro de 2014
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
A CULPA É DO SISTEMA!
A culpa é do Sistema!
No século 19, na Europa, surge o desejo de que as ciências humanas tenham o mesmo rigor das ciências exatas e biológicas. De trazer destas para aquelas os seus conceitos. Entre esses, o de sistemas. Falamos de Auguste Comte e o positivismo. Para o francês o planejamento do desenvolvimento da sociedade e do indivíduo seria possível adotando-se os critérios das exatas.
Na década de 1960, David Easton define o conceito de Sistema Político. Seu texto não tem tradução para o Português.
Um sistema político é alimentado pelas demandas e pelos apoios. O filtro, a seleção e categorização dessas demandas é por conta das instituições ou seja, sindicatos, partidos políticos, associações, entre outros. O Estado – e os seus poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário – a partir das demandas que recebe, decide e age. O retorno dessas decisões, o famoso feedback pode ser de satisfação ou insatisfação/discordância/impedimentos. No segundo caso, irá gerar nova demanda e assim por diante. Daí, o retorno ensejar uma circularidade.
Diz o professor Clóvis de Barros Filho que “ quanto melhor funcionarem as instituições – ou os gatekeeper´s – melhor funciona o sistema.” Segundo o responsável pelas disciplina de Ética e Ciência Política da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, “longe de ser um mecanismo de censura, tem de ser um instrumento de comunicação racional das demandas que são completamente dispersas e caóticas.” Isto em virtude de que o outro filtro, o outro ‘selecionador’ de demandas é a cultura. E aí, imagina o “bode que deu”, o bode que dá, o bode que dará?!
Com todo respeito ao Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, esses “caos e dispersão” constituem o nosso “samba do crioulo doido” político e cidadão. O nosso “bode” cívico. Nas palavras de Barros Filho, é uma calamidade!
Explica o mestre que “ as pessoas ignoram a esfera de competência das autoridades e votam nesses e naqueles sem saber aquilo que juridicamente estão autorizados a fazer.” Mas a situação se agrava mais ainda, na reflexão : “ os próprios candidatos fazem promessas de propostas que estão fora de suas competências jurídicas. Em vários casos , grosseiramente fora.”
Daí, misturamos ao nosso desvarios os três poderes como “o governo”. E as esferas de poder, idem. Ainda que “o governo seja apenas o Executivo. Mas, também, com o corporativismo, o fisiologismo, as negociatas de balcão descoth bar durante o happy hour dos conluios, tudo se transforma em “governo”. Ou desgoverno.
E a responsabilidade da prefeitura, na verdade é do governo federal. Os deputados estaduais sendo solicitados a atender demandas que deveriam ser encaminhadas aos vereadores. Os vereadores incitados ao cumprimento de obrigações de senadores. E, ao final, “esse governo é uma m….!”.
As redes sociais, ora parlamento inglês, ora Ágora grega, reproduzem , em estágios diferentes, os nossos filtros culturais e as nossas demandas tão consistentes como “dispersas e caóticas”.
Fervilham paladinos de ordens e desordem ideológicas, bandeiras de cores e incolores partidárias, adjetivos e esbravejamentos chulos e escatológicos contra esse ou aquele, ou contra tudo e todos. Comparações mais calçadas nos ranços do partilhamento do poder dão a tônica da nossa quase total falta de tradição de trato e relacionamento nesta seara. O efeito 1964, depois das torturas e dos seus porões, ainda nos oprime e nos aprisiona nos tuneis da ignorância e do medo.
Se os “justiceiros políticos” não pararem de se digladiar, se os engraçadinhos não interromperem a sanha debochada contra aqueles que escolheram e autorizaram que lhes representassem e defendessem seus interesses, quem é o “monstro do lago ness” somos todos nós.
Autor do livro “A constituição desejada”, Clóvis , durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, como funcionário do Senado, fez contato com alguns cidadãos que encaminharam propostas para a nova Constituição. Foram enviadas cerca de 100 mil sugestões. Durante uma aula, recentemente, ele apresentou cinco situações que selecionou entre as várias sugestões e conversas que teve com os remetentes. Repasso duas:
- a do Sindicato dos Panificadores do Estado de Pernambuco, propondo que “toda empadinha deve conter uma azeitona”;
- a de uma advogada carioca, sugerindo que “toda mulher portando um cachorro com pulgas será presa em flagrante”.
Então, se a “Chica da Silva/Tinha outros pretendentes/E obrigou a princesa(Leopoldina)/A se casar com Tira-dentes” isso não é apenas fruto da imaginação.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
E AGORA,ÁGORA?
E agora,Ágora?
No dia 17 de Setembro de 2013, “no seu primeiro “discurso da Coroa”, perante as duas câmaras do Parlamento, o rei Guilherme-Alexandre anunciou a substituição do “clássico Estado do Bem-Estar da segunda metade do século XX por uma sociedade participativa”. Explicou que as suas formas actuais, sobretudo em matéria de saúde e pensões de reforma, “já não são sustentáveis, nem estão adaptadas às expectativas dos cidadãos”. Foi a forma de advertir os holandeses de que devem “adaptar-se aos tempos que se avizinham”. O modelo holandês é dos mais generosos da Europa. O “discurso da Coroa” não é a opinião do rei, é a do governo.”
O artigo “Holanda: acabou o Estado-providência do século XX” está em http://www.publico.pt/mundo/jornal/holanda-acabou-o-estadoprovidencia-do-seculo-xx-27297708 . Almeida Fernandes, o autor, afirma que “o alarme não é original. Há três décadas que se discute o futuro do Estado social. Não haverá nenhum país europeu em que este debate esteja ausente e em que não s e testem reformas, ajustamentos ou cortes. É uma questão que em muitos países se confunde com a “reforma do Estado”. “ Segundo o articulista “o alarme reside na clareza – ou brutalidade – da fórmula. É um tema que, dado o seu carácter explosivo, os políticos tratam com pinças e eufemismos.”
Fernandes observa como reagiram os profissionais da mídia, diante dessa posição: “ Anotou um jornalista italiano muito crítico da novidade holandesa: “É justo louvar a sinceridade e o realismo do soberano e do seu primeiro-ministro, Mark Rutte. É daquelas notícias que se arriscam a comprometer a carreira de qualquer personalidade política e na Itália ninguém teria tido a coragem de a dar.” “
Estamos necessitando, com urgência, de reformas. Primeiro as de ordem moral e ética. Não há possibilidade de qualquer passo adiante, sem promovermos mudanças nos nossos comportamentos privados e públicos. Enquanto prevalecer as leis de Murici e de Gerson no nosso código de cidadania e de convivência social, sem chance.
Reformas nos códigos civil e criminal, no processo eleitoral, transformar em lei o que está ainda como artigo na Constituição, o fim do voto secreto nas câmaras e assembleias e da imunidade/impunidade parlamentar. E também agregar ao assistencialismo das “bolsas” a inserção dos “bolsistas” no mercado produtivo como contrapartida. Não se pode acabar com a pobre absoluta – de qualquer ordem – e criar a ‘pobreza profissional’, também de qualquer ordem.
Contudo, as reformas só têm chance de acontecer se os nossos legisladores, escolhidos por nós, deixem de se comportam como os ‘cidadãos’ gregos. Que as nossas câmaras e assembleias deixem de ser Ágoras. Que os homens e mulheres que ‘falam’ por nós, saibam do que estão falando. Conheçam os argumentos, busquem referências sobre eles. Que as decisões não sejam tomadas em virtude de quem é o porta-voz de nossas necessidades, da legitimidade que concedem-lhe em função de sua ‘magnitude’ social e personalista. É indispensável que se substituam o tempo gasto em discursos e votações de homenagem e concessões de placas, nomes de rua, de viadutos, rodovias, aeroportos, campos de futebol por um tempo de investimento em temas de relevância nas três esferas de gestão política e administrativa. Não podemos mais admitir que os espaços de decisão dos rumos do Brasil sejam como programas de auditórios. E que os discursos, muitos contraditórios, sejam todos aclamados. O país não precisa de palmas. Nós e os ‘legisladores’ é que necessitam de umas palmadas.
Não somos a Holanda. Porém, é urgente deixarmos de ser Bruzundanga, o país da imaginação crítica e sensível de Lima Barreto, em que os detentores de mandato eram eleitos pelo voto e quem exercia o “sufrágio universal” não tinha a menor ideia de seu ato. Em que os cargos eram dados ao que eram ‘bons dançarinos’, ‘belos’, que sabiam cumprimentar e sorrir para encantar os estrangeiros. E a constituição era “chamada à lide” pelos políticos profissionais em favorecimento de parentes, amigos e “correligionários”.
2014 é o ano do cavalo de madeira, segundo o horóscopo chinês. Nada contra a astrologia, seja qual for a sua bandeira. Em março, um asteroide com um quilômetro de diâmetro passará, segundo cálculos dos astrônomos, a 19 milhões de quilômetros da Terra. Nada contra a astronomia, qualquer que seja qual for o seu cálculo. Independente do que dizem “os astros” e do que possa ocorrer “nos céus” , é ano de eleições, copa do mundo. É ano de debandada, de correria, de arquivamentos e protelações.
É ano de palanquismo. Hipócritas esbravejarão a favor do coletivo e se abraçarão pelas benesses do privado. Vão cuspir promessas na nossa cara e lavar as mãos nas águas da nossa ingenuidade. Ou imbecilidade. Ou esperteza de amador.
E nós, se quisermos declarar a nossa independência de Bruzundanga, devemos evitar os aplausos e retomarmos a reflexão sobre nós mesmos e sobre os destinos de nós. Se quiser um ponto de partida, a leitura do texto da jornalista Selma Sueli Silva, no blog do José Lino Souza Barros, apresentador do programa Rádio Vivo, na Radio Itatiaia, em Belo Horizonte, é uma boa sugestão( http://www.itatiaia.com.br/blog/jose-lino-souza-barros/destaque-da-semana-ano-novo-velhos-problemas-novas-atitudes).
Jorge Almeida, português, encerra seu texto referindo-se ao comportamento de Portugal diante desse momento de crise e apreensão na Europa. E conclui que os portugueses “são “realistas” e acreditam no Menino Jesus.”
Nós, também.
A CULPA É DA PUNICA GRANATUM
A culpa é da punica granatum
A menina Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, morreu no no “Socorrão II”, apelido do Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura , em São Luís, Maranhão. Ana teve mais de 95% do corpo queimado dentro do ônibus em que estava junto com sua irmã de 1 ano e 5 meses e a sua mãe. A ordem de execução partiu do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
De acordo com informações oficiais, foram apresentados 10 envolvidos no crime, como resposta do Estado, numa ação “imediata, evitando que outros crimes fossem cometidos”. Entre os ‘incendiários’, dois adolescentes.
“O Estado está dando uma resposta efetiva, prendendo esses elementos e a polícia continua nas ruas para garantir tranquilidade à população. Precisamos unir esforços, haja vista que se trata de uma luta do bem contra o mal, mas é bom ressaltar que o bem está vencendo”, frisou o secretário de Estado de Segurança Pública, Aluísio Mendes, informando que há grupos criminosos semelhantes atuando em todos os estados do Brasil. (http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2014/01/06/interna_nacional,485148/morre-menina-queimada-durante-ataque-a-onibus-no-maranhao.shtml)
E segue toda a velha retórica com as justificativas, deficiências, omissões, etc.
Do outro lado, matéria publicada na versão virtual do jornal Estado de Minas, afirma que “ o quilo da romã está mais caro que o de picanha bovina em Belo Horizonte.” De acordo com “o grande jornal dos mineiros”, é “em razão do Dia de Reis, que é comemorado por católicos de todo o planeta hoje”. Daí que “os comerciantes da capital lucram com a fruta, cujas sementes são usadas em simpatias, para atrair dinheiro, saúde e paz, que homenageiam as memórias de Melquior, Baltazar e Gaspar”. Na pesquisa para fundamentar a afirmação “há lugares que vendem o quilo da romã por R$ 39,98, como a unidade de uma grande rede de supermercados na Avenida Silva Lobo, na Região Oeste da cidade. Em açougues do Centro, a mesma quantidade de picanha bovina sai por R$ 35,90 – diferença de 11,3%.”
Na primeira situação, outra vez, o crime organizado – ou desorganizado mas com forte capacidade de ação e intimidação – quer conquistar o estatuto de ‘porta-voz ‘ , de ‘reformador social’ na base do ‘é nóis, perdeu, perdeu, tio’!
Na outra, a busca de soluções com uns carocinhos de fruta. O uso de simpatias que, respeitando a fé e a crença de todos, se não estiverem associadas ao trabalho, à reforma ética e moral, à compreensão e exercício da autoridade que se tem em benefício do coletivo, no muito – se o ‘crente’ gostar de botânica- vai resultar na possibilidade de plantar as sementes e, ano que vem, vender romãs e “faturar um por fora”.
Será que a Ana Clara ( a Ana Clara de todos nós) não fez sua simpatia para proteger a sua fragilidade? Ou, como dirão alguns resignados de carteirinha: “também, né, num reza antes de sair de casa!”
A INFANTA E A IGUALDADE DA JUSTIÇA
A infanta e a igualdade da Justiça
Se não há mais “algo de podre no reino da Dinamarca”, a tragédia ficcional torna-se um tormento no “reino de Espanha”. “A infanta Cristina, filha do rei Juan Carlos da Espanha, foi indiciada pelo suposto crime de lavagem de dinheiro e crime fiscal na gestão e administração de fundos suspeitos gerados pelo negócio de seu marido Iñaki Urdangarin. A princesa terá de testemunhar em 8 de março, às 10 horas, em Palma de Mallorca, no caso envolvendo o Instituto Nóos”.( http://oglobo.globo.com/mundo/infanta-cristina-indiciada-por-corrupcao-na-espanha-11226957#ixzz2phqWU3hZ)
Urdangarin é acusado – não ‘suspeito’ – de fraude, evasão fiscal, falsificação de documentos e apropriação de verba pública. De acordo com a notícia, o genro do rei e seu ex-sócio Diego Torres teriam desviado 10 milhões de euros de fundos públicos por meio do instituto.” As investigações do promotor anticorrupção Pedro Horrach, não teriam encontrado “ elementos para envolver a princesa no caso”.
Contudo, o juiz José Castro, depois de “nove meses centrado de maneira quase exclusiva na reconstrução de um retrato da vida financeira e fiscal de Cristina de Bourbon, rastreou suas contas, cartões, notas fiscais e despesas, bens e declarações fiscais.” No auto de 227 páginas, ” o juiz sustenta que existem indícios penais suficientes para contrastar diretamente com a protagonista a versão sobre os fatos e sua suposta responsabilidade criminal.”
Cristina “era dona de metade da holding Aizoon, empresa criada pelo marido e que canalizava fundos para o Instituto Nóos” e a “Justiça espanhola revelou que a princesa praticamente dobrou sua renda em dois anos: dos € 162.360 que recebeu em 2007, passou a nada menos que € 319.260 em 2009. No mesmo período, Cristina deixou de declarar atividades econômicas que justificariam o aumento de seus ingressos.”
A duquesa de Palma não tem fórum especial na corte espanhola. Mesmo com os protestos da promotoria anticorrupção e da advocacia do estado, Castro “ não quer deixar dúvidas sobre envolvimento da princesa”. Ele defende “ a necessidade de investigar e ouvir as declarações de Cristina a partir de duas reflexões: “evitar que a incógnita (sobre o papel da princesa) se perpetue” e não contradizer a máxima que diz que “a justiça é igual para todos”.”
O palacete de Pedralbes, luxuoso imóvel de Barcelona de propriedade da princesa Cristina e seu marido, Iñaki Urdangarin, foi embargado nesta segunda-feira. A Justiça espanhola ordenou o bloqueio de outras 16 propriedades do casal para cobrir 6 milhões de euros – valor que Urdangarin e seu ex-sócio Diego Torres teriam desviado de fundos públicos. Metade do palacete, avaliado em 10 milhões de euros, também será embargado .
Sem a vaidade dos holofotes, José Castro parece não se deixar levar pela “fantasia” desse conto de fadas em que a “princesa, ingênua e feliz”… No livro do juiz, a bruxa é quem vai ser feliz no final.
Uma publicação que deve fazer parte da biblioteca de muitos magistrados. Principalmente quando privilégios e privilegiados, imunidades e impunidades, influências, corporativismos e relações viciadas e dependentes transformam libelos em peças de pura retórica. Data venia!
domingo, 5 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
O QUE EU LI EM 2013
O QUE EU LI EM 2013 (62
livros)
. A ópera dos mortos(Autran Dourado)
. Diário de um banana (Jeff Kinney)
. Diário de um banana – Rodrick é o cara
. Diário de um banana – Dias de cão
. Diário de um banana – A verdade nua e crua
. Diário de um banana – Casa dos horrores
. Primeiras histórias – (Guimarães Rosa)
. O tempo e o vento – “O retrato” vol.1(Erico Veríssimo)
. Servidão Humana – vol.1 (Somerset Maugham)
. Servidão Humana – vol.2 (Somerset Maugham)
. O tempo e o vento – “O retrato” vol.2(Erico Veríssimo)
. O tempo e o vento – “O arquipélago” vol.1(Erico Veríssimo)
. O tempo e o vento – “O arquipélago” vol.2(Erico Veríssimo)
. O tempo e o vento – “O arquipélago” vol.3(Erico Veríssimo)
. A peste (Albert Camus)
. Minha vida de menina (Helena Morley)
. A morte da porta-estandarte e Tati, a garota e outras
histórias (Aníbal Machado)
. As ilusões perdidas – vol. 1 – (Balzac_
. As ilusões perdidas
– vol. 2 – (Balzac)
. Pedro Páramo/O planalto em chamas – (Juan Rulfo)
. Quase tudo – (Danuza Leão)
. É tudo tão simples – (Danuza Leão)
. Um gosto e seis vinténs – (W.Somerset Maughan)
. As vantagens de ser invisível – (Stephen Chbosky)
. A escolha – (Júlio Margarida)
. Bufo&Spallazani – (Rubem Fonseca)
. Canções mexicanas – (Gonçalo M. Tavares)
. Palácio japonês – (José Mauro de Vasconcelos)
. Os mundos daquele tempo – (Olavo Romano)
. Lição das coisas – (Carlos Drumonnd de Andrade)
. No quiero um dragón em mi classe – (Violeta Monreal)
. Coração de vidro – (José Mauro de Vasconcelos)
. O primo Basílio – (Eça de Queiroz)
. De amor e de sombras – (Isabel Allende)
. A arte de ser leve – (Leila Ferreira)
. Vitória – (Knut Hansun)
. Recordações do escrivão Isaías Caminha – (Lima Barreto)
. La vida em flor – (Anatole France)
. Platão – (Pensadores)
. Sócrates – (Pensadores)
. Viver não dói – (Leila Ferreira)
. Minha mãe se matou sem dizer adeus – (Evandro Affonso
Ferreira)
. O alienista – (Machado de Assis)
. Memorial de Aires – (Machado de Assis)
. Esaú e Jacó – (Machado de Assis)
. Corpoletrado – (Babilak Bah)
. As mil e uma noites(versão Antoine Gallard) vol 1.
. Memórias da casa dos mortos – (Dostoiévsky)
. Memórias póstumas de Brás Cubas – (Machado de Assis)
. Iaiá Garcia – (Machado de Assis)
. Triste fim de Policarpo Quaresma – (Lima Barreto)
. Memórias
de Sherlock Holmes – (Sir Arthur Conan Doyle)
. Os subterrâneos do Vaticano – (André Gide)
. O americano tranquilo – (Graham Greene)
. Tristes trópicos – (Claude Levi-Strauss)
. Ana Cristina César – Antologia poética
. Mário Quintana – Antologia poética
. Alguns poemas e cartas a um jovem poeta – (Rainer Maria
Rilke)
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