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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

E AGORA,ÁGORA?

E agora,Ágora?

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No dia 17 de Setembro de 2013, “no seu primeiro “discurso da Coroa”, perante as duas câmaras do Parlamento, o rei Guilherme-Alexandre anunciou a substituição do “clássico Estado do Bem-Estar da segunda metade do século XX por uma sociedade participativa”. Explicou que as suas formas actuais, sobretudo em matéria de saúde e pensões de reforma, “já não são sustentáveis, nem estão adaptadas às expectativas dos cidadãos”. Foi a forma de advertir os holandeses de que devem “adaptar-se aos tempos que se avizinham”. O modelo holandês é dos mais generosos da Europa. O “discurso da Coroa” não é a opinião do rei, é a do governo.”
O artigo “Holanda: acabou o Estado-providência do século XX”  está em       http://www.publico.pt/mundo/jornal/holanda-acabou-o-estadoprovidencia-do-seculo-xx-27297708   .   Almeida Fernandes, o autor, afirma que “o alarme não é original. Há três décadas que se discute o futuro    do Estado social. Não haverá nenhum país europeu em que este debate esteja ausente e em que não s e  testem reformas, ajustamentos ou cortes. É uma questão que em muitos países se confunde com a “reforma do Estado”. “     Segundo o articulista “o alarme reside na clareza – ou brutalidade – da fórmula. É um tema que, dado o seu carácter explosivo, os políticos tratam com pinças e eufemismos.”
Fernandes observa como reagiram os profissionais da mídia, diante dessa posição: “ Anotou um jornalista italiano muito crítico da novidade holandesa: “É justo louvar a sinceridade e o realismo do soberano e do seu primeiro-ministro, Mark Rutte. É daquelas notícias que se arriscam a comprometer a carreira de qualquer personalidade política e na Itália ninguém teria tido a coragem de a dar.” “
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Estamos necessitando, com urgência, de reformas. Primeiro as de ordem moral e ética. Não há possibilidade de qualquer passo adiante, sem promovermos mudanças nos  nossos comportamentos privados e públicos. Enquanto prevalecer as leis de Murici e de Gerson no nosso código de cidadania e de convivência social, sem chance.
Reformas nos códigos civil e criminal, no processo eleitoral, transformar em lei o que está ainda como artigo na Constituição, o fim do voto secreto nas câmaras e assembleias e da imunidade/impunidade parlamentar. E também  agregar ao assistencialismo das “bolsas” a inserção dos “bolsistas” no mercado produtivo como contrapartida. Não se pode acabar com a pobre absoluta – de qualquer ordem – e criar a ‘pobreza profissional’, também de qualquer ordem.
Contudo, as reformas só têm chance de acontecer se os nossos legisladores, escolhidos por nós, deixem de se comportam como os ‘cidadãos’ gregos. Que as nossas câmaras e assembleias deixem de ser Ágoras. Que os homens e mulheres que ‘falam’ por nós, saibam do que estão falando. Conheçam os argumentos, busquem referências sobre eles. Que as decisões não sejam tomadas em virtude de quem é o porta-voz de nossas necessidades, da legitimidade que concedem-lhe em função de sua ‘magnitude’ social e personalista. É indispensável que se substituam o tempo gasto em discursos e votações de homenagem e concessões de placas, nomes de rua, de viadutos, rodovias, aeroportos, campos de futebol por um tempo de investimento em temas de relevância nas três esferas de gestão política e administrativa. Não podemos mais admitir que os espaços de decisão dos rumos do Brasil sejam como programas de auditórios. E que os discursos, muitos contraditórios, sejam todos aclamados. O país não precisa de palmas. Nós e os ‘legisladores’ é que necessitam de umas palmadas.
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Não somos a Holanda. Porém, é urgente deixarmos de ser Bruzundanga, o país da imaginação crítica e sensível de Lima Barreto, em que os detentores de mandato eram eleitos pelo voto e quem exercia o “sufrágio universal” não tinha a menor ideia de seu ato. Em que os cargos eram dados ao que eram ‘bons dançarinos’, ‘belos’, que sabiam cumprimentar e sorrir para encantar os estrangeiros. E a constituição era “chamada à lide” pelos políticos profissionais em favorecimento de parentes, amigos e “correligionários”.
2014 é o ano do cavalo de madeira, segundo o horóscopo chinês. Nada contra a astrologia, seja qual for a sua bandeira. Em março, um asteroide com um quilômetro de diâmetro passará, segundo cálculos dos astrônomos, a 19 milhões de quilômetros da Terra. Nada contra a astronomia, qualquer que seja qual for o seu cálculo. Independente do que dizem “os astros” e do que possa ocorrer “nos céus” , é ano de eleições, copa do mundo. É ano de debandada, de correria, de arquivamentos e protelações.
É ano de palanquismo. Hipócritas esbravejarão a favor do coletivo e se abraçarão pelas benesses do privado. Vão cuspir promessas na nossa cara e lavar as mãos nas águas da nossa ingenuidade. Ou imbecilidade. Ou esperteza de amador.
E nós, se quisermos declarar a nossa independência de Bruzundanga, devemos evitar os aplausos e retomarmos a reflexão sobre nós mesmos e sobre os destinos de nós. Se quiser um ponto de partida, a leitura do  texto da jornalista Selma Sueli Silva, no blog do José Lino Souza Barros, apresentador do programa Rádio Vivo, na Radio Itatiaia, em Belo Horizonte, é uma boa sugestão( http://www.itatiaia.com.br/blog/jose-lino-souza-barros/destaque-da-semana-ano-novo-velhos-problemas-novas-atitudes).
Jorge Almeida, português, encerra seu texto referindo-se ao comportamento de Portugal diante desse momento de crise e apreensão na Europa. E conclui que os portugueses  “são “realistas” e acreditam no Menino Jesus.”
Nós, também.

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