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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

RELEMBRANDO A POESIA

Relembrando a poesia

POESIAS

RELEMBRANDO A POESIA

Passeio pela cidade e fotografo um pouco desta quietude do também último dia de setembro. Sem sol, frio e pensativo domingo.

Pelo meio do caminho, ao contrário de pedra, encontro um senhor de passos e voz dificultados. Trocamos cumprimentos. Comento o que estou fazendo. O senhor, então,  me indica o pico do Amor  como o lugar ideal para fotos panorâmicas da cidade

Nos despedimos e prossigo na minha rota mais ou menos planejada. Mas a ideia do pico do Amor como o melhor local para se fotografar Itabira enseja outras reflexões.

O Poeta talvez, num momento de profunda angústia, tenha olhado sua cidade lá do alto na expectativa de captar uma panorâmica do Amor. Talvez, sentado ali no seu cantinho, tenha entendido que se sua história era mais bonita que a de Robinson Crusoé, por mais que pudesse olhar ao longe, ainda assim estaria ilhado. Quem sabe, ilhado de amor? Quem sabe, não foi por isso que ele desceu do pico, desceu da angústia vermelha do minério e foi procurar o amor em outro horizonte, na angústia azul do mar?

Procuro entender o que acontece quando a gente sai do sonho do outro por decisão – ou intempestividade nossa – e vai por aí. Mas o que é a dor quando não dói na gente?  Saímos e que o outro cuide do sonho seu. O Poeta saiu do seu sonho de ilha e foi para o seu sonho de mar. E levou o amor.

Pela rua desta Itabira friorenta e cinza, compreendo que distância é distância. Seja de uma esquina, de ruas, de minutos, de continentes. Distância dói. As mais próximas, então…

A costura de nós ao outro tão distante se faz pelo amor. Alinhavados pelo destino estamos sempre em um longe-perto. Na mesma panorâmica.

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