A culpa é da punica granatum
A menina Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, morreu no no “Socorrão II”, apelido do Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura , em São Luís, Maranhão. Ana teve mais de 95% do corpo queimado dentro do ônibus em que estava junto com sua irmã de 1 ano e 5 meses e a sua mãe. A ordem de execução partiu do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
De acordo com informações oficiais, foram apresentados 10 envolvidos no crime, como resposta do Estado, numa ação “imediata, evitando que outros crimes fossem cometidos”. Entre os ‘incendiários’, dois adolescentes.
“O Estado está dando uma resposta efetiva, prendendo esses elementos e a polícia continua nas ruas para garantir tranquilidade à população. Precisamos unir esforços, haja vista que se trata de uma luta do bem contra o mal, mas é bom ressaltar que o bem está vencendo”, frisou o secretário de Estado de Segurança Pública, Aluísio Mendes, informando que há grupos criminosos semelhantes atuando em todos os estados do Brasil. (http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2014/01/06/interna_nacional,485148/morre-menina-queimada-durante-ataque-a-onibus-no-maranhao.shtml)
E segue toda a velha retórica com as justificativas, deficiências, omissões, etc.
Do outro lado, matéria publicada na versão virtual do jornal Estado de Minas, afirma que “ o quilo da romã está mais caro que o de picanha bovina em Belo Horizonte.” De acordo com “o grande jornal dos mineiros”, é “em razão do Dia de Reis, que é comemorado por católicos de todo o planeta hoje”. Daí que “os comerciantes da capital lucram com a fruta, cujas sementes são usadas em simpatias, para atrair dinheiro, saúde e paz, que homenageiam as memórias de Melquior, Baltazar e Gaspar”. Na pesquisa para fundamentar a afirmação “há lugares que vendem o quilo da romã por R$ 39,98, como a unidade de uma grande rede de supermercados na Avenida Silva Lobo, na Região Oeste da cidade. Em açougues do Centro, a mesma quantidade de picanha bovina sai por R$ 35,90 – diferença de 11,3%.”
Na primeira situação, outra vez, o crime organizado – ou desorganizado mas com forte capacidade de ação e intimidação – quer conquistar o estatuto de ‘porta-voz ‘ , de ‘reformador social’ na base do ‘é nóis, perdeu, perdeu, tio’!
Na outra, a busca de soluções com uns carocinhos de fruta. O uso de simpatias que, respeitando a fé e a crença de todos, se não estiverem associadas ao trabalho, à reforma ética e moral, à compreensão e exercício da autoridade que se tem em benefício do coletivo, no muito – se o ‘crente’ gostar de botânica- vai resultar na possibilidade de plantar as sementes e, ano que vem, vender romãs e “faturar um por fora”.
Será que a Ana Clara ( a Ana Clara de todos nós) não fez sua simpatia para proteger a sua fragilidade? Ou, como dirão alguns resignados de carteirinha: “também, né, num reza antes de sair de casa!”
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